Ribeirão Vermelho – Rotunda da Estação Ferroviária


Imagem: Iepha

A Rotunda da Estação Ferroviária foi tombada pela Prefeitura Municipal de Ribeirão Vermelho-MG por sua importância cultural para a cidade.

IEPHA – Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico
Nome atribuído: Conjunto arquitetônico e paisagístico ferroviário de Ribeirão Vermelho
Localização: Ribeirão Vermelho-MG
Resolução de Tombamento: Deliberação CONEP n° 03/2014, de 19 de agosto de 2014
Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico
Livro do Tombo de Belas Artes
Livro do Tombo Histórico, das Obras de Arte Históricas e dos Documentos Paleográficos ou Bibliográficos

Descrição: A instalação do transporte ferroviário em Ribeirão Vermelho se relaciona à navegação no Rio Grande, e ambas as atividades visavam o escoamento das mercadorias originadas da agricultura e criação de gado, além da integração da região ainda pouco povoada à época. A cidade surgiu, cresceu e se desenvolveu à medida que a atividade ferroviária passou pelo mesmo processo; o declínio foi proporcional, passando a agricultura a representar a principal atividade econômica local.
A Companhia Estrada de Ferro Oeste de Minas, criada em 1878, iniciou a construção do pátio ferroviário de Ribeirão Vermelho em 1885, composto pela estação fluvial, inaugurada em 1889, a estação ferroviária, quatro oficinas, rotunda, engenho de café e uma edificação para abrigar a Companhia Agrícola e Industrial Oeste de Minas. Outras construções foram incorporadas com a ampliação e desenvolvimento da ferrovia. A rotunda é a edificação que mais chama atenção e, em conjunto com as demais edificações, expressa a arquitetura ferroviária industrial do final do século XIX produzida em Minas Gerais, a qual utilizou uma linguagem arquitetônica eclética. A edificação é uma poligonal em forma circular com 75 metros de diâmetro, constituindo internamente um prisma de trinta faces. Sua estrutura metálica foi importada da Escócia, as telhas são francesas e cobrem as antigas baias de reparo, acompanhando o formato circular; possui vedações autoportantes em tijolos maciços cerâmicos, trinta colunas de ferro fundido com acabamento trabalhado – base e capitel com folhagens – apoiadas em cantaria, nove portões de acesso encimados por frontões, promovendo eixo de simetria na fachada, e duas janelas em cada plano enquadradas por relevo e massa, de vergas curvas. A platibanda, também em tijolos maciços e decorada em cimalha, esconde as calhas embutidas na alvenaria que captam água pluvial. O girador, ao centro e ao ar livre, servia para irradiar as linhas para os boxes individuais.
Muitas das estruturas mencionadas já haviam sido perdidas ou estavam em ruínas no momento do tombamento. Esse processo foi recrudescido pelas sucessivas liquidações e substituições das empresas ferroviárias, que nem sempre adaptavam os prédios a novos usos – muitas vezes não havia mais a necessidade de numerosas estruturas em um mesmo pátio, visto que o arrefecimento da atividade ferroviária se deu paulatinamente desde a década de 1950, sendo evidenciado em Ribeirão Vermelho nas três décadas seguintes. A última viagem do expresso de passageiros saindo de Ribeirão Vermelho com destino a Barra Mansa, no interior do Rio de Janeiro, foi em 1996.
O tombamento do conjunto inclui ainda o bem móvel denominado locomotiva nº 315.
Fonte: IEPHA-MG.

Prefeitura Municipal de Ribeirão Vermelho-MG
Nome atribuído: Rotunda da Estação Ferroviária
Localização: Ribeirão Vermelho-MG

Descrição: As obras da construção da Rotunda de Ribeirão Vermelho, anexa às oficinas, foram concluídas em 1895 pela Cia. Estrada de Ferro Oeste de Minas, também sob a supervisão do português Antônio Rodrigues de Oliveira Castro, entrando em atividades somente em março de 1896. Destinada a depósito, manutenções, montagens e reparações de bitolas métricas, a Rotunda, assim como as oficinas, teve suas estruturas montadas pela Brasilian Contracts Corporation, sendo todo material importado de Glasgow na Escócia, bem como utilização de telhas francesas originalmente importadas de Marseille, na França, além dos equipamentos, máquinas e projetos procedentes da Inglaterra. Em relatório apresentado pelo diretor da Estrada de Ferro Oeste de Minas, engenheiro José de Almeida Campos Júnior ao Sr. Ministro da Viação e Obras Públicas, a Rotunda de Ribeirão Vermelho é citada como tendo sofrido uma limpeza e aparece no quadro “Relações de Usinas e oficinas na bitola de 1,00 m” com os seguintes dados:
Quilômetro: 293,985
Comprimento: diâmetro 75 m
Largura: 6,45 m
Sistema de Construção: alvenaria de pedra, tijolos, telhas francesas;
Valor: 90.000$000 (noventa contos de réis)
A partir da década de 1960 , quando entraram em operação as locomotivas a diesel, em substituição às máquinas a vapor, num processo gradativo, a Rotunda passou a ser utilizada exclusivamente para depósito de locomotivas a vapor, abrigando em seu interior várias dessas locomotivas até o ano 1981, quando, então, a RFFSA, com a criação do Centro de Preservação da História Ferroviária de Minas Gerais em São João del Rei, resolveu recuperá-las para constituir o seu acervo.
Segundo Sérgio Santos Morais, em reconstrução da Rotunda de São João Del Rei (ob.cit.), “a rotunda é uma oficina radial, possuindo forma circular, tendo ao centro um dispositivo chamado girador de onde irradiam linhas como se fossem raios em círculos. Os espaços internos são divididos em boxes individuais, com linhas para onde são conduzidas as locomotivas, através do girador. As paredes externas não são na realidade em forma circular, mas de forma poligonal, formando um prisma de 30 faces ou lados, com grandes janelas distribuídas duas a duas em cada plano e nove portões que dão acesso ao edifício, possuindo pé direito em torno de 6m, diâmetro de 75 m e 30 colunas de ferro fundido ricamente trabalhadas, possuindo aberturas para passagem de tubulação de águas pluviais, apoiadas em cantaria de pedras. Um único portão é encimado por um frontão característico que cria um eixo de simetria na fachada. O telhado em duas águas, acompanha o formato poligonal do edifício, formando planos em forma de trapézio.
A Rotunda é o orgulho dos ribeirenses. De inquestionável valor histórico, a Rotunda lembra construções romanas, ostentando-se, em especial a magia do seu interior todo constituído de elementos inteiramente oriundos da cultura européia. Ali dentro, sob o batente duro das ferramentas, dos insistentes apitos das locomotivas, da caldeira e do carvão, tramavam-se as melhores chances de um futuro melhor para Ribeirão Vermelho. Suas conquistas, malogradas ou não, tais como a organização político-administrativa, a criação de clubes litero-recereativos, a fundação das escolas, corporações musicais, clubes de futebol e igrejas, entre outros, foram iniciativas florescentes que nasceram no seio da família ferroviária ribeirense que, unida, construiu a cidade. Sua forma arquitetônica curiosa e pouco comum estimula e provoca a atenção de muitos visitantes que questionam a história local.
Fonte: Prefeitura Municipal.

Histórico da Estação: Entre aquelas importantes cidades que surgiram com o advento da ferrovia, o município de Ribeirão Vermelho também teve por exclusividade seus valores sócio-econômicos e culturais associados, diretamente, à implantação, ascensão e declínio do sistema de transporte ferroviário nacional. Desde os primeiros tempos a ferrovia exerceu papel preponderante na economia local, criando novos hábitos, provocando mudanças sociais e políticas e tornando-se o fator fundamental de progresso. Seus trilhos, pontilhões, pontes, depósitos, bem montadas oficinas e estação representavam o avanço, o arrojo e o símbolo de uma era. Situada no entroncamento das bitolas 0,76m e 1,00m, que promoveram o intenso movimento ferroviário com constantes baldeações e cruzamentos de trens de passageiros, mistos, noturnos e cargueiros, etc., que demandavam os principais centros comerciais, não só do Estado, mas do País, Ribeirão Vermelho, ao longo dos anos, experimentou o apogeu das ferrovias no Brasil, ostentando importantes conquistas de ordem coletiva no âmbito municipal. Porém, a partir da década de 1940, quando da implantação das estradas de rodagem associadas à evolução das indústrias automobilísticas e á popularidade do automóvel, que contribuíram para o declínio e a decadência das ferrovias em geral, havendo uma acentuada transferência de cargas e passageiros para esse tipo de transporte, assim como as deficiências inerentes ás construções das linhas ferroviárias, já obsoletas, e crises administrativas, o município, igualmente, também passa a sofrer as consequências e os reflexos oriundos da política econômica e de planejamento que passou a vigorar a partir do final da década de 1950, com sucessivas mudanças e desativação do setor ferroviário, na medida em que a ferrovia foi perdendo sua importância, estendendo essa transformação pelas décadas seguintes, chegando aos dias atuais com o entristecedor aspecto de abandono e, com eles, os registros de uma arquitetura que marcou a vida de várias gerações de
ribeirenses.
Fonte: Prefeitura Municipal.

Histórico do município: É um dos menores municípios do Estado, com apenas 39 km² de território. A sede tem boa estrutura urbana, a região é montanhosa e o Rio Grande é sua principal bacia hidrográfica. O crescimento, tanto populacional quanto econômico, está ligado à implantação da ferrovia na região, pois a Estrada de Ferro Oeste de Minas ali construiu pontes, facilitou e incrementou o comércio e propiciou oportunidades de emprego. A areia é seu principal produto mineral, e a agricultura tem por base o café e o milho. O Centro Literário apóia as iniciativas culturais. O povoado nasceu em 1886, na margem oposta à foz do ribeirão Vermelho com o rio Grande, em terras de Ana Custódia do Nascimento. Ali aportou o negociante Antônio Lúcio, que ajudou a inaugurar o povoado com a denominação de Porto Alegre. Em 1888, com a construção da estação de ferro Ribeirão Vermelho, o povoado passa a ser conhecido pelo nome atual. Em 1901, cria-se o distrito, elevado à categoria de município em 1948, desmembrando-se de Lavras.
O município possui um acervo ferroviário muito grande que encontra-se em restauração, talvez um dos maiores do país.
Fonte: Prefeitura Municipal.

CONJUNTO:
Ribeirão Vermelho – Armazém da Baldeação da Estação Ferroviária
Ribeirão Vermelho – Casa Residencial do Agente da Estação Ferroviária
Ribeirão Vermelho – Conserva Externa da Estação Ferroviária
Ribeirão Vermelho – Consultório Médico da Estação Ferroviária
Ribeirão Vermelho – Estação Ferroviária
Ribeirão Vermelho – Estação Rádio Telegráfica
Ribeirão Vermelho – Locomotiva nº 315
Ribeirão Vermelho – Oficinas da Estação Ferroviária
Ribeirão Vermelho – Rotunda da Estação Ferroviária
Ribeirão Vermelho – Ruínas do Restaurante da Estação Ferroviária

FOTOS:

MAQUETE VOLUMÉTRICA:

MAIS INFORMAÇÕES:
Prefeitura Municipal


Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *