Betim – Casa de Máquina Usina Hidrelétrica Dr. Gravatá


Imagem: Dossiê de Tombamento

A Casa de Máquina Usina Hidrelétrica Dr. Gravatá é o equipamento de maior referência histórica do complexo. É uma edificação do início do século passado, de industrial, com elementos neoclássicos.

Prefeitura Municipal de Betim-MG
Nome atribuído: Casa de Máquina Usina Hidrelétrica Dr. Gravatá (Fazenda Cachoeira)
Outros Nomes: Usina Hidrelétrica Dr. Gravatá
Localização: Fazenda Cachoeiras as margens do Rio Betim – Betim-MG
Decreto de Tombamento: Deliberação do Conselho publicada em 19/out/2001
Dossiê de Tombamento

Descrição: A Usina Dr. Gravatá localiza-se na região central da cidade de Betim, no bairro Cachoeira. Numa área de uso misto, onde ao sul existe um setor industrial, a oeste residencial e ao norte e leste uso rural. O acesso a esta é feito pela av. Amazonas. O complexo de equipamentos da usina é formado por uma barragem de águas, um reservatório, uma casa de máquinas e dois canais que conduzem a água ligando estes
equipamentos.
A barragem localiza-se próxima a ponte da av. Amazonas (antiga ponte de arcos), esta desviava a água do rio através de um sistema de comportas, conforme histórico foram identificadas cinco comportas de aço. A água era conduzida por um canal de concreto aberto, que possuía uma pequena inclinação, até um grande reservatório também de concreto de aproximadamente 72m³. Este reservatório localiza-se junto a pedreira do bairro Cachoeira. Do reservatório até a Casa de Maquinas a água era conduzida em dutos de aço de diâmetro de 1 metro aproximadamente, com grande inclinação. Estes dutos estavam apoiados em bases de concretos ou dentro de valas dependendo da conformidade da inclinação do terreno com os dutos.
A Casa de Máquinas é sem dúvida o equipamento de maior referência histórica deste complexo. É uma edificação do início do século passado. Tem caráter industrial, com elementos do estilo neoclássico. Está toda apoiada sobre os dutos de saída das águas das turbinas, que conforme histórico eram duas. A planta é retangular, sem divisões internas. O projeto era resolvido em apenas um pavimento de pé direito duplo e variável de acordo com a inclinação da cobertura de duas águas, com estrutura em madeira e telha “francesa”. Externamente observa-se que a edificação é dividida em módulos que são marcados por faixas de granito afixados na fachada, nos remetendo a idéia de pilares de pedras, onde na parte superior, recebem um coroamento com elementos em concreto que lembram capitéis, estes são ligados por uma cimalha. Em cada módulo existe uma abertura, que seguem o mesmo estilo, são todas com vergas arqueadas, esquadrias em madeira e fechamento em vidro. A porta principal e as janelas da fachada oposta a entrada possuíam as bandeiras em madeira sobre estas um fechamento com um vitrô fixo. Nas fotos de 1914 estes módulos eram três, já nas fotos da década de 50 nota-se que os módulos são quatro, o que permanece até hoje. Além deste acréscimo, notamos na parte interna a criação de dois pequenos cômodos, marcados com paredes de aproximadamente 2,50m de altura, que provavelmente serviam de depósito e vestiário. Ainda na parte interna, acreditamos que o piso também foi modificado, em 1914, este era um ladrilho hidráulico anti-derrapante, já na década de 50, uma camada de cimento foi aplicada sobre o ladrilho, este cimentado era pintado formando um desenho xadrez em preto e branco. As fachadas externas que eram com tijolos aparentes também recebem uma camada de cimento. O mais importante a destacar destas mudanças que aconteceram, as quais não sabemos precisar data, é que nada influenciaram no estilo da construção.
Quanta a conservação, o maior dano físico é a falta de cobertura, que provavelmente já cedeu a muitos anos, até hoje no local encontramos muitas telhas quebradas pelo chão. Mas devido a qualidade da construção, está não apresenta nenhum sinal de danos estruturais, as paredes mantém-se intactas. Em algumas aberturas, até hoje, encontramos esquadrias. O piso apesar de coberto em alguns trechos, pelos restos do telhado e por vegetação, ainda é possível observar o desenho e a coloração. O maior problema da Usina hoje é a poluição das águas, os dutos sob a Casa de Máquinas, encontram-se totalmente assoreados, por lixo, que descem na cachoeira do rio e se acumulam neste local.

História: A Usina “Dr. Gravatá”, como era popularmente conhecida, teve seu início de funcionamento definitivo em 1914. Sua construção foi realizada pelo Estado de Minas Gerais e pela empresa Schnoor, de propriedade do francês Emílio Schnoor.
Antônio Gonçalves Gravatá, era o engenheiro-chefe da empresa Schnoor e veio ao distrito de Capela Nova do Betim com a finalidade, em 1909, de construir a Estação Ferroviária Capela Nova, na Estrada de Ferro Oeste de Minas, que liga a capital Belo Horizonte a Henrique Galvão, atual Divinópolis. A partir desta empreitada, a empresa decide explorar o manancial hidráulico do distrito capelanovense, construindo a hidrelétrica no Rio Betim. O rio possui uma queda d’água favorável para tanto: cerca de oitenta e quatro metros
de queda, em sua porção final.
A produção de energia era tão satisfatória que era possível oferece-la para as cidades de Divinópolis e, posteriormente, Contagem – esta que utilizou a energia no período de construção e operação de sua “cidade industrial”, na década de 1940. Estes fatos demonstram que a usina proporciona um desenvolvimento não apenas local, mas também regional. A casa de máquinas operava com duas turbinas que tinham capacidade de 250 W; corrente trifásica com 6.000 volts de transmissão; capacidade de queda de 4.800 cavalos. Sua instalação foi feita na Fazenda Cachoeira, pertencente, na época, a José da Silva Lima (o “Zé do Pio”); comprada por 100 contos de réis.
A Usina era formada por uma barragem, próxima à antiga ponte de arcos, que desviava a água do rio; um sistema de comportas (foram identificadas cinco comportas) e canais que conduzem a água até um tanque grande, com capacidade estimada em 72 m³; tubulações com, aproximadamente, um metro de diâmetro (conduziam a água do tanque para a casa de máquinas); uma casa de máquinas com duas turbinas da marca Oerlikon, localizada na porção final da queda d’água. Todo equipamento existente na casa de máquinas era proveniente de empresas estrangeiras, como por exemplo: Siemens, A.E.G., Westinghouse etc. A distância entre a barragem, primeira parte de todo o sistema, e a usina, última parte, gira em torno de 1300 metros, ou seja, desde o desvio d’água até a geração propriamente dita de energia, a água percorria esta distância.
A Usina “Dr. Gravatá” era assim, popularmente, conhecida devido à figura de Antônio Gonçalves Gravatá, engenheiro-chefe da empresa Schnoor e apontado como o responsável direto pela idealização da construção da Usina. Baiano de Salvador viveu em Betim (na época Capela Nova) por aproximadamente dez anos; era tido como figura carismática e bem quista socialmente. Como engenheiro atuou em algumas cidades mineiras e até mesmo na capital, onde trabalhou em importantes empreendimentos – a construção das estações de passageiros da Central do Brasil e da Rede Mineira de Viação, como exemplos. Faleceu em maio de 1950, em Belo Horizonte.
A construção desta Usina foi realizada em conformidade com o momento histórico de início da industrialização mineira. A partir da segunda metade do século XIX, o Estado mineiro investe em sua industrialização, e eletricidade é considerada um ponto importante na pauta industrial. No caso específico da geração de energia elétrica, o Estado fazia concessões de exploração em recursos naturais (quedas d’água em geral) ou contratos com empresas que desenvolviam este tipo de trabalho. É neste momento histórico que surge o termo “Hulha Branca”, que designava toda a empresa que trabalhava com produção de eletricidade, utilizando as quedas d’águas favoráveis para tanto. As Hulhas Brancas foram, neste sentido, foram as pioneiras da produção energética em minas. De acordo com o anuário de Nelson de Senna, publicado em 1914, a Usina “Dr. Gravatá” fora catalogada e classificada como uma Hulha Branca; este fato demonstra seu valor para o desenvolvimento da industrialização mineira e local. A sua desativação ocorre na década de 1950, quando é instalada em Betim uma distribuidora de energia da então criada CEMIG.
Fonte: Dossiê de Tombamento.

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