Conselheiro Pena – Primeira Prefeitura Municipal
A Primeira Prefeitura Municipal foi tombada pela Prefeitura Municipal de Conselheiro Pena-MG por sua importância cultural para a cidade.
Prefeitura Municipal de Consolação-MG
Nome atribuído: Imóvel onde se localiza a residência de dona Miquelina Augusta Silva Youssef – rua Benedito Valadares nº 1493 – 1ª Prefeitura Municipal de Conselheiro Pena
Outros Nomes: Imóvel à rua Benedito Valadares nº 1493 – 1ª Prefeitura
Localização: R. Benedito Valadares, nº 1493 – Conselheiro Pena-MG
Decreto de Tombamento: Decreto n° 1252/1999
Propriedade / Situação de propriedade: Sr.ª Miquelina Augusta da Silva Youssef / Particular
Histórico: Com a chegada dos trilhos da estrada de ferro Vitória/Minas, em 1908, foi criada a estação do Lajão às margens do rio Doce. Em torno desta estação logo se estabeleceram alguns moradores e um incipiente comércio local, formando um pequeno núcleo urbano. Durante este período as construções do lugarejo eram muito simples e despojadas, não havendo nenhuma espécie de luxo nas habitações. Em 1927 este povoado foi elevado à categoria de vila, com o nome de Lajão e pertencia ao município de Itanhomi. Nesta época eram um núcleo urbano composto por pouco mais de uma centena de casas, todas muito simples, divididas em dois aglomerados distintos: um situado próximo à estação ferroviária, maior e mais adiantado, e o outro no lugar que era conhecido como olaria. Assim a evolução urbana da comunidade deu-se da parte mais alta da cidade para a parte baixa, com dois centros distintos e um caminho de ligação entre eles. Lentamente a vila foi progredindo e, à medida que crescia, as moradias foram melhorando, conferindo à localidade um aspecto urbano mais desenvolvido. Em 1938 Benedito Valadares, então governador de Minas Gerais, criou o município de Conselheiro Pena e nomeou o Dr. Sebastião Anastácio de Paula como Prefeito Municipal. Suas principais incumbências eram organizar política e fisicamente a administração local e fortalecer Minas Gerais perante o Espírito Santo na questão da demarcação de suas fronteiras. A cidade não possuía nenhum prédio público que pudesse abrigar as dependências da nova prefeitura e não dispunha nem de tempo hábil e nem de recursos para a construção de uma edificação deste porte. A solução encontrada foi alugar um local que servisse, pelo menos temporariamente, ao desempenho das funções administrativas municipais. Foi escolhida a edificação situada à rua Benedito Valadares, nº 1493, que havia sido construída em 1931 e era uma das poucas da cidade capazes de atender às novas funções. Vários fatores contribuíam para isso: a edificação se localizava estrategicamente entre os dois maiores núcleos de ocupação urbana do município (Estação Velha e Olaria); possuía um certo destaque pelo seu porte (se comparada às outras da localidade) era uma construção sólida com fachada bem cuidada e boa ornamentação (como convém a um prédio público); tinha um bom espaço interno (o suficiente para o desempenho das funções administrativas); e, além disto, poderia ser alugada uma vez que o proprietário possuía outros imóveis para sua moradia. A edificação, que foi projetada inicialmente para uso residencial, passou então a exercer funções políticas e administrativas para o recém-criado município. Por esta época não havia poder legislativo, o poder municipal era exercido apenas pelo executivo, composto pelo prefeito e seu secretário particular. A primeira câmara de vereadores foi eleita e empossada apenas em 1947, juntamente com o primeiro prefeito eleito pelo voto popular. Era a democracia que chegava ao município e com ela a esperança de progresso e desenvolvimento. Constatou-se que, a esta altura, as dependências da prefeitura já não atendiam de maneira eficaz aos serviços da administração pública. Em 1949 a prefeitura e a câmara de vereadores foram instaladas em outro local mais amplo e mais adequado. O edifício da rua Benedito Valadares volta, então, a servir de residência para a família de seu proprietário. Função em que se encontra até os dias atuais. A sede da primeira Prefeitura Municipal de Conselheiro Pena é uma referência histórica para o município, porque além de manter suas características arquitetônicas praticamente inalteradas, representa o período em que a comunidade conselheiro penense e adquiriu sua emancipação política e se consolidou como sede de um extenso município do Vale do Rio Doce.
Após servir como sede da Prefeitura Municipal de Conselheiro Pena, este imóvel passou a ser utilizado novamente como residência, sendo seu proprietário o Sr. Najem Youssef Nougeimi.
O Sr. Najem viveu neste imóvel juntamente com sua esposa Sr.ª Miquelina Augusta da Silva Youssef e seus filhos: José Eugênio, Maria Alice e Jorge Elias. Após o falecimento do proprietário, a viúva permaneceu no imóvel durante alguns anos, sendo posteriormente levada para Belo Horizonte vindo a residir com seus filhos.
Este imóvel foi tombado pelo Decreto Municipal nº 1.251, de 15 de março de 1999. No ano de 2011 foi afixada uma placa na fachada do imóvel, identificando-o como bem tombado e citando seus proprietários como imigrantes, pois eles auxiliaram no desenvolvimento da cidade.
Em 2018 o imóvel pertence a Sra. Maria Alice Noujemi, filha do Sr. Najem e Sra. Miquelina. O imóvel encontra-se desocupado, recebendo visitas esporádicas da família.
Fonte: Inventário.
Descrição: A implantação, o partido, o sistema construtivo e a preocupação com elementos de fachada da arquitetura tradicional caracterizam essa edificação como exemplo do que chamamos de estilo eclético. Apresenta partido em “L”, e foi implantada com sua fachada principal alinhada à rua. A entrada da casa faz-se lateralmente através de um avarandado com robusto guarda-corpo balaustrado em massa. Seu afastamento lateral em um dos lados do lote permite a formação de um jardim também alinhado à rua. Percebe-se, na planta original, uma busca de simetria na distribuição das dependências, que não apresenta grandes variações ou peculiaridades. Com versão apropriada à casa térrea residencial, estabelece a setorização regular entre o uso social, o familiar e o de serviços, em que as dependências mais nobres ficam à frente e as secundárias, aos fundos. Há uma espécie de vestíbulo interno que desempenha a função de interligar e distribuir os diversos cômodos da casa. No corpo frontal da construção situa-se a sala principal, de entrada, com as aberturas voltadas para a rua, reservando-se aos quartos a parte lateral. A cozinha localiza-se nos fundos juntamente com o banheiro, que foi projetado originalmente como uma espécie de anexo (ou puxado) do corpo principal. Suas paredes externas e internas, com vinte e cinco centímetros de espessura aproximadamente, são de tijolos maciços, o que, juntamente com o alto pé direito e os grandes vãos rasgados, faz com que a construção responda bem às necessidades básicas de climatização, quando a umidade e o calor são intensos. As janelas mistas – de madeira pintada, vidros e bandeira fixa – compõem-se de duas folhas de abrir para dentro, com postigos, venezianas e caixilhos de vidro (ver dimensões e especificações em planta). As portas, também mistas, mas sem vidros, além de venezianas e bandeira fixa, possui almofadas tanto em seu lado externo como no interno. Seu telhado é ainda o original, de duas águas e telhas francesas. A residência possui forro de régua de madeira nos quartos, sala e vestíbulo. A fachada foi simetricamente riscada, com ligeira supremacia de cheios sobre os vazios e sem grandes reentrâncias, mas com pequenas saliências resultantes de seu corpo central projetado para frente, das guarnições dos vãos e das quinas, todos construídos em alvenaria. O peitoril das janelas é decorado por frisos contínuos de massa, que, apesar de interrompidos no vão da entrada lateral, prolongam-se sobre o guarda-corpo balaustrado, determinando e marcando a horizontalidade da fachada. Decorada por frisos, pinhas, elementos geométricos em alto relevo e cornija clássica, sua platibanda reta, de corpo central alongado, vem coroada por elemento decorativo semicircular. Por essas descrições, pode-se afirmar que a fachada recebe tratamento estilístico eclético, que se utiliza principalmente de um vocabulário clássico, dentro da livre fusão que a concepção eclética permite.
Fonte: Inventário.
Análise do estado de conservação: Nota-se que o prédio, no geral, está em bom estado de conservação. Mas percebem-se problemas de infiltração em alguns pontos da edificação que estão com o reboco e pintura danificados. Nota-se também a necessidade de limpeza de alguns pisos que estão encardidos e de um melhor tratamento paisagístico para o jardim.
No ano de 2018 não demonstra problemas no seu estado de conservação.
Fonte: Inventário.
Fatores de Degradação: Infiltrações, provenientes de goteiras.
Intervenções: Foram feitas algumas reformas na edificação ao longo dos anos. Da planta original foram feitos alguns “puxados” nos fundos da edificação, visando adequá-la ao uso familiar. Estes “puxados” descaracterizam o bem, porém, temos que lembrar de que não se trata de um prédio público e sim de uma residência ocupada regularmente. Além dos acréscimos citados acima, temos também como intervenções posteriores: a troca do piso de tabuado corrido para tacos de madeira; a troca do forro de madeira para forro de PVC na sala de jantar; troca de algumas portas e janelas e pintura geral alterando a cor original.
Foi ainda retirado o piso hidráulico da varanda e colocado um piso cerâmico.
Fonte: Inventário.
Análise de entorno – situação e ambiência: A edificação se situa no caminho que fez a ligação entre os dois núcleos urbanos inicias do povoado. Caminho que guarda, ao longo de todo o seu trajeto, várias edificações desta mesma fase, mas que, infelizmente, vem sendo descaracterizado de maneira sistemática. Os lotes vizinhos ao bem tombado possuem edificações importantes como registro arquitetônico da época de consolidação do município. A edificação situada à direita é térrea e encontra-se implantada com um recuo frontal de aproximadamente 4m em relação ao alinhamento da calçada. Esta posição beneficia a visada para a lateral direita do bem tombado (composta pelo jardim e alpendre de entrada) e para a sua fachada frontal. Já a edificação situada à esquerda do bem tombado encontra-se implantada obedecendo ao alinhamento da calçada, é térrea e possuí características de edificação comercial (grandes aberturas voltadas para a via pública). Por ser uma construção simples, desprovida de ornamentos e por obedecer a escala térrea do trecho, sua presença acaba por valorizar o bem tombado. No outro lado da rua existem ainda alguns exemplares representativos desta arquitetura eclética que dominou esta fase de ocupação urbana da cidade. É um dos poucos trechos de Conselheiro Pena que mantém ainda preservados exemplos típicos da arquitetura do início do século XX. Estabelecendo uma leitura do que foi a cidade no período de sua formação.
Fonte: Inventário.
FOTOS:
- Imagem: Inventário
- Imagem: Inventário
Referências documentais/bibliográficas:
Diretrizes para a proteção do Patrimônio Cultural de Minas Gerais. Belo Horizonte: Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA/MG
Dossiê de tombamento do bem cultural, elaborado pelos arquitetos Rosana Bianchini e Ivan Barroso no ano de 2002.
OLIVEIRA, Sônia Torres de, OLIVEIRA, Willian Torres de. Conselheiro Pena e sua História. Conselheiro Pena. 1998.