Dois Irmãos – Moinho Collet
O Moinho Collet foi tombado pela Prefeitura Municipal de Dois Irmãos-RS por sua importância cultural para a cidade.
Prefeitura Municipal de Dois Irmãos-RS
Nome Atribuído: Moinho Collet
Localização: R. Beco do Moinho, n° 81 – Dois Irmãos-RS
Decreto de Tombamento: Portaria municipal de tombamento n° 116/2003, de 11 de abril de 2003.
Ficha de inventário – Compac
Importância: O bem se destaca por apresentar valor nas seguintes Instâncias:
1 – Instância Cultural: Enquanto referência histórica e pelo valor de antiguidade;
2 – Instância Morfológica: Valor arquitetônico: pela qualidade formal, elemento referencial na paisagem urbana;
3 – Instância Funcional: Compatibilização com a estrutura urbana, e pelo potencial de reciclagem.
4 – Instância Técnica: Raridade no emprego de materiais e pelo risco de desaparecimento.
5 – Instância Paisagística: Compatibilização com a paisagem urbana, como estruturação do cenário da quadra e como elemento referencial.
6 – Instância Legal: legislação de preservação em nível municipal (Lei de Tombamento e Zoneamento em Plano Diretor).
Fonte: Ficha de inventário – Compac.
Descrição: O conjunto do Moinho Collet remonta o pequeno moinho, a residência e plantações localizadas nas terras que pertenciam a Jacob Blauth, junto ao Arroio Feitoria e a estrada em direção à São Leopoldo. A tradição oral conta que ele tinha duas filhas e quando do casamento de uma, esta seria presenteada com um prédio que abrigava um grande moinho e uma loja de secos e molhados, além da residência. Este prédio então fora construído ao lado do antigo Moinho Blauth em 1854, aproveitando parte das instalações como o canal denominado de “Mühle Graben”, deste moinho velho que funcionou até 1960 são visíveis somente suas fundações. No novo moinho construído, além da família da filha de Blauth, foi instalada uma loja de secos e molhados, a mesma tornou-se importante ponto comercial pela sua localização no caminho que ligava Dois Irmãos a Novo Hamburgo. Posteriormente a família de Blauth mudou-se para São Leopoldo, o moinho pertenceu à família Sperb, que após vendeu para os Engelmann.
No ano de 1901 Engelmann troca o moinho com a propriedade de Guilherme Collet, este era filho do imigrante Michael Collet, imigrante que chegou ao Brasil em 1853. A propriedade passou a prosperar nas mãos da família Collet, que permanece até hoje como proprietária do bem cultural. Em 1927 Alfredo adquire o moinho de seu pai Guilherme e um ano após firma sociedade com Edvino Drumm, e também adquirem um caminhão, porém a parceria durou somente três anos.
Em 1946 Alfredo Collet vende o moinho para seus filhos Guido Waldemar e Hugo (que posteriormente abandona a sociedade) e para seu irmão Guilherme Emílio. Este período foi o de maior crescimento do moinho, foi aumentada a sua área física por conta do aumento da produção e assim atender a demanda, pois o moinho abastecia a comunidade local, e entregava farinha em Novo Hamburgo e São Leopoldo, contando com uma frota de caminhões própria.
Em 1986 Guilherme Emílio Collet falece e assim a propriedade é dividida: Guido Waldemar permanece com a área de terras do entorno e o prédio do moinho passa a ser propriedade de Sydônia Kondorfer Collet. A partir de 1985 até meados de 1992, Nelson Collet, filho de Guilherme Emilio, assumiu as atividades comerciais do moinho, tendo uma pequena produção de farinha e beneficiamento de arroz.
O moinho possui cinco etapas de construção, onde observamos seus usos e funções: a primeira etapa consiste a área do Moinho o salão e a parte da residência que está distribuída em quatro pavimentos: porão (equipamento), térreo (moinho) que foi alterado em 1940 suprimindo o mezanino em função das enchentes, elevando-se o manuseio da farinha para o pavimento térreo após a moagem e modificando o sistema de transmissão da roda d’água para as mós. A segunda etapa acredita-se ter sido construída logo após a primeira, num espaço-tempo de 20 anos, e que aumentou a área da residência. A terceira etapa foi construída pela família Collet em 1948 para receber novos equipamentos movidos à energia elétrica. A quarta etapa é um pequeno anexo sobre a tomada d’água do moinho, construído para abrigar uma casa de bombas. A quinta etapa construída em 1977 consiste num banheiro no segundo pavimento junto à residência.
A família Collet vem se empenhando há anos para que este patrimônio cultural esteja preservado, são inúmeras as iniciativas realizadas desde a década de 1990, com investimentos próprios da família, tendo o apoio da Associação de Amigos do Patrimônio Histórico de Dois Irmãos. O local já foi ponto de visitação durante a realização da “Festa no Museu”, também um dos pontos turísticos da Rota Colonial de Dois Irmãos, uma vez que a família manteve em funcionamento o moinho por cerca de 90 anos e os netos de Guilherme Collet, Guilherme e Nelson, mantém viva a memória de como era o processo de moagem de milho e fabricação do óleo de amendoim. Também estão salvaguardados na parte da residência e da casa de comércio diversos mobiliários e no porão os equipamentos e ferramentas utilizados ou adquiridos pelos colonos para utilizarem na agricultura e demais trabalhos. Inclusive o bem cultural foi cenário para diversos ensaios fotográficos, conforme publicações que estão arquivadas pela família e gravações de reportagens a nível estadual e nacional. Além disto a família dispõe de documentos históricos de seus antepassados: Condecoração do Ministério de Guerra da Alemanha concedido ao Soldado de Infantaria Michel Collet em 29 de agosto de 1849; Carta de Condutor de Automóvel de Guilherme Emílio Collet em 10 de junho de 1935; Carta de Identidade do Ministério de Guerra da República dos Estados Unidos do Brasil do ano de 1942.
Em 15 de outubro de 1999 o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado – IPHAE emitiu um documento informando da importância da preservação do Moinho Collet, como atesta a Arq. Alice Seide Cardoso “Por ser uma das poucas edificações que ainda existem em nosso Estado, memória viva da vida e do trabalho dos primeiros imigrantes, com suas técnicas específicas, máquinas e equipamentos típicos de uma época, é um prédio de interesse cultural que deve ser preservado” (Info. IPHAE 85/89).
Fonte: Ficha de inventário – Compac.
Descrição: O Moinho Collet é um bem histórico tombado, construído ao lado do antigo moinho Blauth.
Mantém o seu antigo maquinário, de grande valor histórico. Nele eram produzidos extração de óleo de amendoim, farinha, e mais tarde, beneficiamento de arroz.
As engrenagens metálicas foram trazidas da Alemanha. Além da moagem, nos prédios do moinho foi instalado um armazém de secos e molhados.
Atualmente, o prédio está com risco de desabamento, devido a problemas na fundação.
Fonte: Wikimapia.
Histórico do município: Município integrante do Vale do Rio Feitoria, afluente do Rio Caí, sua história está ligada à colonização alemã no Estado, parte da antiga Colônia de São Leopoldo, instalada em 1824. Dois Irmãos recebeu os primeiros colonos a partir de 1825, entre eles Pedro Baum e família, lavrador e sapateiro, do Hunsrück.
A leva mais significativa de colonos imigrantes que ocuparam parte dos 249 lotes da “Linha Grande de Dois Irmãos”, foi a dos ex-náufragos do navio Cecília. O veleiro partiu do porto de Hamburgo em 1827 e surpreendido por uma tempestade no Canal da Mancha. Parcialmente destroçado, o navio com seus passageiros foi abandonado por seu capitão e pela marinhagem, ficando sem rumo até ser encontrado por um barco inglês que o conduziu para Plymouth, na Inglaterra. Aí permaneceram por cerca de dois anos, aguardando a definição de seus destinos. Aportaram no Rio de Janeiro em 29 de setembro de 1829, dia de São Miguel. Conta a tradição que em homenagem ao Arcanjo estabeleceram essa data como seu marco fundante. Até hoje ela é comemorada no “Michelskerb”, Kerb de São Miguel.
Em 1832 os colonos católicos inauguraram a capela em honra a São Miguel. O lugar onde foi erguido o templo é, provavelmente, o mesmo onde a partir de 1869 foi construído o outro, com traços góticos, concluído em 1880, que hoje se encontra a Antiga Igreja Matriz de São Miguel, tombada pelo Patrimônio Histórico do Estado.
Fonte: Prefeitura Municipal.
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