Inácio Martins – Conjunto Ferroviário RFFSA
O Conjunto Ferroviário RFFSA, em Inácio Martins-PR, foi tombado por sua importância histórica como patrimônio cultural ferroviário nacional.
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Patrimônio Cultural Ferroviário
Nome Atribuído: Estação em alvenaria de Góes Artigas com área de 240,00m², sendo que área apenas 120,00m² é não operacional; Área de terreno com 10.050,00m²;
Localização: Inácio Martins-PR
Decreto de Tombamento: Lei nº 11.483/07 e Portaria IPHAN nº 407/2010
Histórico do município: O local onde os pioneiros fixaram suas residências em 1892 passou a chamar-se Guarapuavinha. Ali construíram casas, armazéns, cemitério… Por serem essas famílias de religião luterana e espírita, não houve inicialmente igreja católica no local. Mais tarde foi construída, no atual Rio Pequeno, a Capela do Divino Espírito Santo, onde o Pe. João Ponkgeba rezou a primeira missa. Com a chegada da estrada de ferro, Inácio Martins tornou-se fornecedor de lenha para abastecimento das locomotivas a vapor conhecidas como “Maria Fumaça”. O município era ponto de suprimento de lenha e água. Até os dias atuais existe caixa d’água com capacidade de oito mil litros, construída em concreto, próximo à linha férrea.
No início da década de 1940, com a paralisação temporária da construção da estrada de ferro, Inácio Martins, então ainda Guarapuavinha, tornou-se ponto de embarque e desembarque de bovinos e suínos, vindos principalmente de Laranjeiras do Sul, Pitanga e Guarapuava, e de desembarque de tropas do Exército que se deslocavam para outras regiões. Durante a construção de Brasília, saiu de Inácio Martins grande quantidade de madeira, principalmente “pontaletes” de pinheiro e imbuia, destacando-se como fornecedores Edgard Gomes, Slavieiro S.A., Zattar e Dellegrave Moreira. Com a desativação dos trens de passageiros, a linha férrea é atualmente utilizada apenas para o transporte de carga, especialmente madeira de pinus, cereais e combustíveis.
Fonte: Prefeitura Municipal.
Histórico das ferrovias no Brasil: A história das ferrovias no Brasil inicia-se em 30 de abril de 1854, com a inauguração, por D. Pedro II, do primeiro trecho de linha, a Estrada de Ferro Petrópolis, ligando Porto Mauá à Fragoso, no Rio de Janeiro, com 14 km de extensão. Mas a chegada da via à Petrópolis, transpondo a Serra do Mar, ocorreu somente em 1886.
Em São João del Rei (MG), o Museu Ferroviário preserva a história da antiga Estrada de Ferro Oeste de Minas, criada em 1872. Seu percurso ligava a cidade de Sítio (atual Antônio Carlos) à Estrada de Ferro D. Pedro II (posteriormente, Central do Brasil), partindo daí para São João del Rei. Com novas concessões, a ferrovia Oeste de Minas se estendeu a outras cidades e ramais, alcançando, em 1894, um percurso total de 684 km, e foi considerada a primeira ferrovia brasileira de pequeno porte.
As dificuldades e desafios para implantar estradas de ferro no Brasil eram muitos. Procurando atrair investidores, o governo implantou um sistema de concessões, que se tornou característico da política de infra-estrutura do período imperial. Entre o final do século XIX e início do século XX os recursos, sobretudo dos britânicos, alavancaram a construção de linhas férreas.
A expansão ferroviária, além de propiciar a entrada de capital estrangeiro no país, tinha, também, o objetivo de incentivar a economia exportadora. Desta forma, as primeiras linhas interligaram os centros de produção agrícola e de mineração aos portos diretamente, ou vencendo obstáculos à navegação fluvial. Vários planos de viação foram elaborados na tentativa de integrar a malha ferroviária e ordenar a implantação dos novos trechos. Entretanto, nenhum deles logrou êxito em função da política de concessões estabelecida pelo governo brasileiro.
Fonte: Iphan.
Patrimônio Ferroviário: A Lei 11.483, de 31 de maio de 2007, atribuiu ao Iphan a responsabilidade de receber e administrar os bens móveis e imóveis de valor artístico, histórico e cultural, oriundos da extinta Rede Ferroviária Federal SA (RFFSA), bem como zelar pela sua guarda e manutenção. Desde então o Instituto avalia, dentre todo o espólio oriundo da extinta RFFSA, quais são os bens detentores de valor histórico, artístico e cultural.
O patrimônio ferroviário oriundo da RFFSA engloba bens imóveis e móveis, incluindo desde edificações como estações, armazéns, rotundas, terrenos e trechos de linha, até material rodante, como locomotivas, vagões, carros de passageiros, maquinário, além de bens móveis como mobiliários, relógios, sinos, telégrafos e acervos documentais. Segundo inventário da ferrovia, são mais de 52 mil bens imóveis e 15 mil bens móveis, classificados como de valor histórico pelo Programa de Preservação do Patrimônio Histórico Ferroviário (Preserfe), desenvolvido pelo Ministério dos Transportes, instituição até então responsável pela gestão da RFFSA.
A gestão desse acervo constitui uma nova atribuição do Iphan e, para responder à demanda, foi instituída a Lista do Patrimônio Cultural Ferroviário, por meio da Portaria Iphan nº 407/2010, com 639 bens inscritos até 15 de dezembro de 2015. Para inscrição na Lista, os bens são avaliados pela equipe técnica da Superintendência do Estado onde estão localizados e, posteriormente, passam por apreciação da Comissão de Avaliação do Patrimônio Cultural Ferroviário (CAPCF), cuja decisão é homologada pela Presidência do Iphan.
Os bens não operacionais são transferidos ao Instituto, enquanto bens operacionais continuam sob responsabilidade do DNIT, que atua em parceria com o Iphan visando à preservação desses bens. Esse procedimento aplica-se, exclusivamente, aos bens oriundos do espólio da extinta RFFSA. Os bens que não pertenciam à Rede, quando de sua extinção, não são enquadrados nessa legislação, podendo, entretanto, ser objeto de Tombamento (Decreto Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, aplicado a bens móveis e imóveis), ou ao Registro (Decreto nº 3.551, de 4 de agosto de 2000, aplicado ao Patrimônio Cultural Imaterial).
Fonte: Iphan.
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Manual Técnico do Patrimônio Ferroviário