Nova Era – Guardas de Congo de Nossa Senhora do Rosário


Imagem: Prefeitura Municipal

As Guardas de Congo de Nossa Senhora do Rosário foram registradas pela Prefeitura Municipal de Nova Era-MG por sua importância cultural para a cidade.

Prefeitura Municipal de Nova Era-MG
Nome atribuído: Guardas de Congo de Nossa Senhora do Rosário
Outros Nomes: Festa de Nossa Senhora do Rosário da Vila de Santa Rosa, Guarda de Congo de Nossa Senhora do Rosário de Nova Era
Localização: Nova Era-MG
Decreto de Registro: Decreto n° 1736/2012
Livro de Registro das Formas de Expressão: Inscrição n° 01, Fls. 52, Data 30/11/2012

Descrição: A forma de expressão Guarda de Congo Nossa Senhora do Rosário, bem cultural imaterial, por seu valor histórico, religioso e cultural foi registrado no Livro das Formas de Expressão, n° 01, pg52 de 30/12/2012 após a conclusão da instauração do processo de Registro das Guardas de Congo Nossa Senhora do Rosário de Nova Era, do qual o Departamento Municipal de Cultura e Turismo e Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico de Nova Era ( COMPHANE) e a comunidade se mostraram favoráveis ao registro. Estando portanto sujeito à proteção especial de acordo com Lei n°1528/2001 e Lei n°1883/2012.
Em Nova Era, possuímos duas guardas de congo: Guarda de Congo Nossa Senhora do Rosário ( Bairro Estação) e Guarda de Congo Nossa Senhora do Rosário ( Bairro Vila Santa Rosa). Cada guarda reforçando o ideal de “guardas irmãs”, apresenta elementos semelhantes pela adoção do nome “ Nossa Senhora do Rosário”, a definição oficial e popular, pela estrutura do reinado, marcado pela fila dupla, pelo estandarte com a pintura da Virgem do Rosário. Diferem-se quanto à adoção de cores das indumentárias, à promoção ou não das encenações tradicionais,à presença ou ausência de importantes elementos de comandos típicos do Reinado do Congo.
As atividades próprias do Congado no município de Nova Era são aprendidas deste criança, passadas de geração em geração no seio das famílias em que pesa a tradição congadeira, bem como, por imitação, vendo e ouvindo os congadeiros dançar e cantar.
Os dois ternos desta cidade apresentam em suas fileiras crianças, jovens, adultos e idosos de ambos os sexos, que, em conjunto permanecem fiéis a esta tradição herdada dos antepassados negros, permitindo a sua continuidade, ainda que associados a diversos elementos da contemporaneidade.
Fonte: Prefeitura Municipal.

Irmandades ou confrarias: As primeiras irmandades de Nossa Senhora do Rosário de que temos notícia surgiram na Alemanha, a partir do ano de 1409, e serviram de modelo para inúmeras outras que surgiram em diversos países da Europa. Através da ação missionária, em 1526, surge a primeira irmandade de Nossa Senhora do Rosário no continente africano.
Há registro da presença de Confrarias de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos em Portugal desde 1520, com reinados e danças. No Brasil, em 1552, surge em Pernambuco uma irmandade do Rosário de escravos oriundos de Guiné, a partir daí se expandiram por todo o país.
Através da ação missionária no continente africano muitos negros já conheciam Nossa Senhora do Rosário, elegendo-a como padroeira. Outros a conheceram quando passaram por, Portugal, chegando ao Brasil com esse referencial. Houve uma pronta identificação entre o Rosário de Nossa Senhora e o rosário africano usado nas consultas ao Orixá Ifá.
A Coroa Portuguesa oferecia o modelo dos estatutos para a criação das irmandades e era ela mesma que dava a aprovação final para a sua existência e funcionamento. Espertamente, a Coroa apropriou-se de elementos da cultura tribal dos africanos introduzindo-os nos estatutos das corporações, como nessa passagem: “Haverá nesta Irmandade um Rei e uma Rainha, ambos pretos, de qualquer nação que sejam, os quais serão eleitos todos os anos em sua mesa a mais votos, e serão obrigados a assistir com o seu Estado às festividades e mais santos, acompanhando no último dia a procissão do Pálio”.
Com a coroação de reis e rainhas, sob a denominação de reis congos, impulsionavam a cultura religiosa colonial aquietando e disciplinando a escravaria.
A devoção dos escravos africanos e de seus descendentes não ficou restrita a Nossa Senhora do Rosário, devotavam também, entre outros, São Benedito e Santa Efigênia.
A veterana Irmandade do Rosário de Ouro Preto, segundo o historiador Augusto de Lima Júnior,data de 1711.Em 1720, já tinha ermida no local onde, hoje, se encontra a bela igreja dessa devoção.
Como tática, a coroa portuguesa tratou de estimular a organização de irmandades a fim de, com elas e através delas, transferir ao próprio povo encargos diversos, dispendiosos, como a construção e manutenção de templos e cemitérios.
A população, por sua vez, encontrava nessas irmandades uma estrutura eficiente e legal, uma forma orgânica para expandir suas necessidades ou reinvidicações coletivas, funcionando como autênticos organismos sociais.
Silva, Elvécio Eustáquio _ Contribuição para o Estudo do Reinado de Nossa Senhora do Rosário em Nova Era- Cartilha –Agenda 21 Local Nova Era- Nova Era 2005
Fonte: Prefeitura Municipal.

Breve Cronologia da Devoção a Nossa Senhora do Rosário: As primeiras irmandades de Nossa Senhora do Rosário de que temos notícia foram fundadas na Alemanha em 1409, na cidade de Dusseldorf com nome de Irmandade das Alegrias de Nossa Senhora e em 1474 na cidade de Colônia; esta irmandade é que serviu de modelo para inúmeras outras que logo se estenderam por diversos países da Europa.
O primeiro registro em Portugal data de 1478, denominado-se Irmandade dos Brancos de Portugal, em Lisboa. Em 1496, também em Lisboa, foi fundada a primeira irmandade do Rosário de escravos, quatro anos antes do descobrimento do Brasil.
A partir de 1415 os portugueses iniciaram suas conquistas no território africano. Assim, devido à ação missionária, em 1526 surge a primeira irmandade de Nossa Senhora do Rosário nesse continente, na ilha de São Tomé.
No Brasil recém descoberto, em 1552, surge em Pernambuco uma irmandade do Rosário de escravos de Guiné. O historiador Frei Odulfo Vander Vat registra sem pormenores a existência de uma confraria do Rosário para “muitos escravos de Guiné” na Capitania de Pernambuco.
A partir de 1586, os jesuítas fundaram várias irmandades do Rosário entre os escravos dos engenhos. E daí sucessivamente esta irmandade se expandiu por toda a colônia. Citam-se, entre outros exemplos, no Rio de Janeiro em 1639; Belém, 1682 e Bahia, 1686. Na capitania de Minas Gerais foi a partir de 1708 em São João Del Rey, 1713 em Cachoeira do Campo e em Sabará, e em 1715 em Ouro Preto, entre outros.
O antropólogo Luiz da Câmara Cascudo em suas pesquisas descobriu registro de uma Coroação dos Reis de Congo acontecida em 1674 em Recife. Existem também registros de coroação em Portugal datados de 1650, Confrarias de Nossa Senhora dos Pretos, com reinado e danças.
Fonte: Prefeitura Municipal.

Origem da Manifestação: Em tese, não resta dúvida de que as ações primeiras da junção da confraria ou irmandade de Nossa Senhora do Rosário às marcas identitários da cultura africana se deram através da colonização portuguesa em territórios do continente africano a partir do século XV, em conseqüência das ações missionárias e do tráfico de africanos para serem escravizados. Destas intervenções resultaram instituições consorciadas de sincretismo, travestidas, oficialmente com a chancela de “Reinados”, no Brasil, com as suas diferentes “Guardas”, que entre outras: moçambique, marujos e congo é um indicativo identitário, possivelmente originários de diferentes etnias. E consequentemente, neste mesmo século foram transplantados para Portugal, se consolidando em uma síntese político cultural, apropriada pela coroa portuguesa como instrumento de controle dos povos escravizados. No fluxo e refluxo das grandes viagens marítimas e conquistas estas confrarias foram se disseminado pelas terras colonizadas, a exemplo, a introdução dos mesmo no Brasil se deu a partir do século XVI. Para tanto a sua criação dependia da aprovação da Coroa Portuguesa que oferecia um modelo de “compromisso”, específico aos irmão do rosário que seria adequado à realidade de cada localidade. Tratava-se de um conjunto de determinações esclarecedoras de direitos e deveres da corporação, normas administrativas, jurídicas, religiosas, mesclados de referências culturais as quais diferenciava e diferencia a irmandade do rosário de muitos outros como o capitulo que transcrevo: “Haverá nesta Irmandade um Rei e uma Rainha, ambos pretos, de qualquer nação que sejam, os quais serão eleitos todos os anos em sua mesa a mais votos, e serão obrigados a assistir com o seu Estado às festividades e mais santos, acompanhando no último dia a procissão do Pálio”.
As festas a que se refere o citado capítulo eram, além da do Rosário, as dos Santos Benedito, Estevão, Antônio e Catalagerona, Efigênia e do Natal. Percebe-se claramente neste capítulo um atrativo peculiar: fragmentos das culturas africanas e tribal. Era muito comum entre os colonizadores usar da cultura de outra raça para dominá-la. Coroavam reis e rainhas que, sob a denominação de reis congos, impulsionaram a cultura religiosa da história colonial, muitas vezes tida como cultura profana quando percebida pelo olhar do sistema dominante, pois os integrantes eram investidos de conotação sagrada e de propriedade ritual.
Fonte: Prefeitura Municipal.

De onde surgui / Quando surgiu: Com a descoberta de ouro em Minas Gerais, no fim do século XVII, um grande contingente de escravos africanos foi chegando, e a irmandade de Nossa Senhora do Rosário encontrou no território do ouro solo fértil para seu florescimento, sobressaindo-se dentre outras devoções.
Devido ao grande contingente de escravos africanos que foi chegando ao território do ouro, a irmandade de Nossa Senhora do Rosário encontrou aqui um dos locais mais propícios para sua maior abrangência em toda colônia. Foi no início da civilização mineradora, nas vilas, que esta irmandade se desenvolveu com maior relevo histórico, chegando ao arraial de São José da Lagoa. E também sob o patrocínio desta evocação foram criadas várias paróquias.
Já em 03 de setembro de 1754 o minerador Domingos Francisco Cruz, através de escritura pública lavrada no cartório do arraial de Nossa Senhora da Conceição de Catas Altas, fez ao “Glorioso Patriarca São José” a doação de uma roça para patrimônio de sua nova capela. Na escritura e petição refere-se à capela como existente e nela se celebra o Santo Sacrifício da Missa em altar portátil e como esteja acabada necessitava de ser benzida. (Arquivo da Diocese de Itabira).
A descrição do documento consultado não deixa dúvida da existência de uma capela anterior e afirma que a nova capela foi edificada antes da data que foi passada a escritura de doação de patrimônio, isto é, antes de 1754.
Foi uma irmandade rica e prestou grandes serviços não só de caráter consolador aos africanos e afrodescendentes, mas de assistência e proteção inclusive dar sepultura aos irmãos falecidos, o que era obrigação estatutária de todos as irmandades similares.
Fonte: Prefeitura Municipal.

História do município: O primeiro topônimo foi São José da Lagoa, em homenagem ao Santo do dia (São José, 19 de março) em que os primeiros desbravadores chegaram à margem de uma grande lagoa. Admite-se tenha esse fato ocorrido entre os anos de 1703 e 1705, quando da passagem de Antônio Dias de Oliveira e dos Irmãos Camargos pelas margens auríferas do rio Piracicaba.
A existência, ainda hoje, de montões de cascalhos e de canais de captação de água em vários pontos do município são provas evidentes de que a mineração foi o fator preponderante na fixação dos primeiros moradores.
Posteriormente, seja por exaustão das minas e dos garimpos ou por excessivo rigor fiscal na tributação do trabalho dos faiscadores e garimpeiros, a primitiva ocupação cedeu lugar à lavoura, surgindo várias fazendas. As principais foram as de Rio do Peixe, Figueiras, Perdões, Barra do Ribeirão das Cobras (“Barra do Prata”), Corrientes, Vargem e Mato Dentro.
A essa altura, no local onde se acha a sede do município de Nova Era, já existia o Arraial de São José da Lagoa, com algumas centenas de habitantes fixos cuidando de comércio, garimpo, ofícios e outros afazeres, abastecida a população pelas fazendas citadas. Em 1750, era capela curada, da freguesia de Rio Piracicaba, depois de ter estado, eclesiasticamente subordinado a Caeté e, posteriormente, a Santa Bárbara. Em 1832, ainda como capela curada, passou a subordinar-se à freguesia de Antônio Dias; finalmente, em outubro de 1848, pela Lei provincial n­º 384, foi criada a paróquia de S. José da Lagoa, sendo seu primeiro Vigário o padre João Álvares Martins da Costa.
Em 1848 foi elevado à categoria de distrito, e em 1938 emancipou-se com o nome de Presidente Vargas, topônimo posteriormente trocado em 1942 por Nova Era, sendo óbvia a influência do poder público na escolha dessas denominações.
Típica cidade mineira, com 308 anos, o município de Nova Era está inteiramente localizado na Bacia do Rio Piracicaba, que tem relevante importância econômica para Minas Gerais.
Fonte: Circuito Cultural Vieira Servas.

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