Nova Iguaçu – Antiga Estação de Vila de Cava


Imagem: Google Street View

A estação de Vila de Cava do Sapê, em Nova Iguaçu-RJ, foi inaugurada em 1883, como um sub-ramal ferroviário para a construção do aqueduto de Rio D`Ouro.

INEPAC – Instituto Estadual do Patrimônio Cultural
Nome atribuído: Antiga Estação de Vila de Cava, na Rua Álvaro Gonçalves n°43 _ Vila de Cava
Outros Nomes: Antiga Estação José Bulhões
Localização:  R. Álvaro Gonçalves, n°43 – Vila de Cava – Nova Iguaçu – RJ
Processo de Tombamento: E-12/000.117/89
Tombamento Provisório: 12/06/1989

Descrição: A estação de Vila de Cava pode ser considerada uma fonte histórica e cultural presente no cotidiano e na memória da população que possui distintas representações históricas em diferentes temporalidades, pois traz à tona elementos de pertencimento e de coesão social. Trata-se de um legado histórico ainda presente que remonta a história social de Vila de Cava e a própria formação desse bairro e a sua historicidade.
[…]
A estação de Vila de Cava agrega memórias distintas que atravessaram diferentes temporalidades, constituindo-se em um lugar de memória importante para os moradores da região. Essas memórias estão ligadas e, muitas vezes, se superpõe remontando sua fundação no século XIX, nas histórias contadas pelos antigos moradores da região. Aqueles que viajaram no trem de carga a carona, aqueles que dizem que foram funcionários ou filhos destes, aqueles que utilizaram o prédio como um espaço de aprendizado com o Movimento Brasileiro de Alfabetização em 1967 (MOBRAL) ou simplesmente aqueles que de nada participaram diretamente mais viram as tantas (re) significações pelas quais passou o prédio da antiga estação.
[…]
Os lugares institucionais que a estação de Vila de Cava agregou ao longo de sua existência proporcionou a ela múltiplas (re) significações em diversos períodos. Esse espaço teve diferentes funções e significados atendendo as perspectivas e as necessidades da comunidade de Cava de formas distintas.
Em um primeiro momento atendeu a comunidade de Vila de Cava como estação propriamente dita. Depois como escritório de Companhia Estadual de Água e Esgoto (CEDAE), posteriormente, como dormitório de funcionários da estação. Em seguida, integrou a estação a escola MOBRAL. Foi, portanto, ponto de encontro de amigos familiares ou simplesmente local para passar o tempo. Atualmente serve de moradia para vários grupos e famílias, funcionando também com diferentes atividades comerciais e fonte de renda para os que residem nos prédios e nos espaços que constituem a estação.
A estação de Vila de Cava do Sapê, antiga José Bulhões pertencia ao sub-ramal do Rio D´Ouro sendo uma linha auxiliar. Foi construída no século XIX, ainda no governo imperial, com o intuito de transportar materiais e operários para a construção de um aqueduto para a capitação de água que sairia da região brejeira para a capital. Também conhecida como “estação parada” a estação de José Bulhões se tornaria Vila de Cava e ponto de convergência para duas malhas ferroviárias, a da Serra do Tinguá e a do Rio D´Ouro.
[…]
A estação de Vila de Cava do Sapê foi inaugurada em 15 de janeiro 1883, final do século XIX, como um sub-ramal ferroviário para a construção do aqueduto de Rio D`Ouro através da concessão do empreiteiro Antônio Gabrielli que na ocasião, trouxe a corte uma carta de recomendação de seu trabalho em Viena. Na A carta trazia como referência o trabalho do empreiteiro na capitação de água para a cidade de Viena e duas cartas de crédito de 50.000 libras cada uma. Antônio Gabrielli ganhou a concorrência para a capitação de água da serra do Tinguá a mando do governo imperial que viu na região a possibilidade de resolver os problemas de estiagem na capital. De acordo com Torres:
“(…) desde1870, o engenheiro Antônio P. Rebouças visitando essa região, havia indicado os mananciais do Rio D`Ouro e da Serra do Tinguá para o abastecimento da cidade. Em um relatório datado deste ano, aquele notável engenheiro também indicava a necessidade de ser construído um reservatório com cem milhões de litros de capacidade implantados no centro da cidade. (TORRES, 2004:125)”
Partindo dessas afirmações pode-se analisar o quanto a região naquele momento foi valorizada por conta de seus reservatórios de água abundante e seus mananciais, fazendo com que o governo imperial realizasse uma grande obra de infra-estrutura que mobilizaria parte da corte, alguns e latifundiários e seus latifúndios, trabalhadores brasileiros e estrangeiros. (TORRES, 2004)
A estação de Vila de Cava era uma “estação parada” de abastecimento de água aos trens, se subdividindo em dois ramais através de um entroncamento, a Rio D`Ouro e Tinguá, Geralmente era necessário que os maquinistas parassem para abastecer as locomotivas de água que eram a vapor.
No final do século XIX, o ramal passou a transportar passageiros tendo um modesto fluxo de pessoas após a estação Pavuna. Percebendo-se uma visível prosperidade nos arredores das estações, cujas linhas antecediam a região da Baixada Fluminense e ao ramal do Engenho do Brejo atual, Belford Roxo.
Em 1923, a Viação de Obras Públicas visando angariar lucros transferiu a linha Rio D´Ouro do Caju para Francisco de Sá, aumentando o fluxo de passageiros em locomotivas ainda a óleo e vapor. A maioria dos passageiros eram oriundos das estações que antecediam a estação de Belford Roxo e as estações que a sucederam, observa-se a
prática da carona nos trens a vapor. Na estação de Vila de Cava houve um curto período de experimentação de uma possível bilheteria nas quais os passageiros pagavam para embarcar nos trens.
Em 1928, iniciou-se o processo de desligamento da Rio D`Ouro, mas foi o Decreto 19.544 de 29 de agosto de 1930 que desativou definitivamente a Estrada de Ferro Rio D´Ouro do quadro da Inspetoria de Água e Esgoto. A linha passa, então, a ser administrada pela Estrada de Ferro Central do Brasil. Somente em 1964 a estação perdeu sua funcionalidade, e em 1966, através do Decreto nº 58.992, o sub-ramal trecho Tingua X Vila de Cava foi suspenso.
Assim, a estação de Vila de Cava integrou o cotidiano da população da Baixada Fluminense, encontrando-se, hoje, difusa nas memórias dos moradores iguassuanos. Sua arquitetura modesta, assim como a população que cresceu em seu entorno, ambas nas margens fluídas do esquecimento carrega um legado de memória e história ainda presentes no espaço social coletivo.
Fonte: Joana D`Arc Cesar Viana.

CONJUNTO:
Nova Iguaçu – Antiga Estação de Vila de Cava
Nova Iguaçu – Antiga Estação Ferroviária de Jaceruba
Nova Iguaçu – Antiga Estação Ferroviária de Rio D’Ouro
Nova Iguaçu – Antiga Estação Ferroviária de Tinguá
Nova Iguaçu – Capela da Fazenda da Posse
Nova Iguaçu – Capela Nossa Senhora de Guadalupe
Nova Iguaçu – Igreja da Prata
Nova Iguaçu – Igreja Nossa Senhora Conceição de Marapicu
Nova Iguaçu – Instituto de Educação Rangel Pestana
Nova Iguaçu – Lar de Joaquina e Galpão
Nova Iguaçu – Reservatório de Rio D’Ouro
Queimados – Igreja Nossa Senhora da Conceição de Queimados

MAIS INFORMAÇÃO:
Estações ferroviárias
Joana D`Arc Cesar Viana


1 comments

  1. Vanderlei paiva |

    Meus avós viajaram nesse trem , ouvi as istoria de minha vó como seria hoje com esse ramal ? Com certeza seria muito melhor . Nasci em nova iguacu , morei em vila de cava e , em piranema

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