A Casa dos Contos, em Ouro Preto-MG, é um dos mais belos e amplos edifícios residenciais do barroco mineiro, devendo-se o seu risco ao Mestre Antônio de Souza Calheiros.
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Nome atribuído: Casa dos Contos
Outros Nomes: Casa à Rua São José
Localização: Ouro Preto-MG
Número do Processo: 415-T-
Livro do Tombo Histórico: Inscr. nº 263, de 09/01/1950
Livro do Tombo Belas Artes: Inscr. nº 348, de 09/01/1950
Uso Atual: Centro de Estudos do Ciclo do Ouro; Museu da Moeda e do Fisco
Observações: O imóvel também foi sede dos Correios e Telégrafos.
Descrição: Trata-se de um dos mais belos e amplos edifícios residenciais do barroco mineiro, devendo-se o seu risco ao Mestre Antônio de Souza Calheiros. Construído entre os anos de 1782 e 1784 para residência de João Rodrigues Macedo, cobrador de impostos, o edifício abrigava, além da residência de Macedo (piso superior), a administração dos contratos nas duas lojas que ladeiam sua entrada principal. Igualmente no piso térreo havia dois quartos, em cada ala correspondente às lojas, sendo um destinado à morada do Caixa Vicente Vieira da Mota e os demais à hospedagem de altas figuras da capitania. Durante o período da repressão à Inconfidência, foi convertido em quartel da Companhia do Esquadrão do Vice-Rei, enviada para garantia do poder colonial, junto com mais duas companhias portuguesas de Infantaria que ocuparam os anexos de morro acima, os quais passaram daí por diante a denominar-se Quartel da Infantaria. Os três quartos disponíveis do piso térreo funcionaram como prisão nobre dos Inconfidentes até 1789. Na cela cuja porta se situava sob o patamar da escadaria monumental, o Inconfidente Cláudio Manuel da Costa suicidou ou foi assassinado naquele ano. Em 1793, a Junta da Real Fazenda e a Intendência do Ouro (parte administrativa) alugaram de João Rodrigues de Macedo a parte térrea do edifício, passando a funcionar nestas instalações. Em 1803 o prédio foi incorporado ao Erário Régio porque o proprietário não recolhera à Fazenda tributos arrecadados.
Vem de 1793-1797 o nome que conserva de Casa dos Contos, ou seja, de sede da administração e contabilidade fazendária da Capitania de Minas, a mais importante da Coroa portuguesa. Em 1820, o edifício foi acrescido do piso superior da ala do córrego, onde passou a funcionar a Casa de Fundição, até então alojada em dependência do Palácio dos Governadores. Em 1840 sofreu acréscimo de toda a ala esquerda e dos pisos 3º e 4º (mirante), destinados a abrigar a Secretaria da Fazenda da Província de Minas Gerais. Hoje a Casa dos Contos está sob o controle do Ministério da Fazenda, que nela instalou importante órgão de pesquisa, o Centro de Estudos do Ciclo do Ouro.
O prédio apresenta fachada frontal composta por cunhais em cantaria e cimalha. Sob esta, na parte superior, nove sacadas guarnecidas por grade de ferro, com cimalha em moldura, sendo de maior balanço a central. Na parte inferior, possui uma porta guarnecida de pedra de cantaria correspondente a cada sacada. A porta principal situada no centro, possui artístico pórtico de pedra lavrada. Sobre o telhado, como construção autônoma, mirante quadrangular. Entre as suas mais significativas obras de arte, encontram-se a escadaria monumental em cantaria, obra-prima em seu gênero, situada no hall de entrada; o arco abatido, cuja trave central é de madeira simulando pedra. No piso superior, sala de fundição e aposentos particulares de João Rodrigues Macedo, a escada oculta para uso direto de funcionários do fisco imperial e o salão nobre e seu forro com pinturas originais do século XVIII. Nas três alas da esquerda foi instalado o Centro de Estudos do Ciclo do Ouro. No pátio, a entrada para as senzalas dos escravos domésticos, situadas no porão. Neste, por ocasião da restauração realizada no piso, foram encontrados fragmentos dos cadinhos refratários utilizados na fundição do ouro.
Texto extraído de: OLIVEIRA, Tarquínio. J. B. Ensaios da Casa dos Contos. Centro de Estudos do Ciclo do Ouro. Ouro Preto. 1979. CARRAZZONI, Maria Elisa. Guia dos Bens Tombados. 1980.
Fonte: Iphan.
FOTOS:
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