A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto-MG, foi tombada por sua importância cultural.
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Nome atribuído: Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar
Localização: Bairro de Ouro Preto – Ouro Preto – MG
Número do Processo: 75-T-1938
Livro do Tombo Belas Artes: Inscr. nº 246, de 08/09/1939
Observações: O tombamento inclui todo o seu acervo, de acordo com a Resolução do Conselho Consultivo da SPHAN, de 13/08/85, referente ao Processo Administrativo nº 13/85/SPHAN.
Descrição: A construção da atual Matriz do Pilar foi iniciada entre 1728 e 1730, e veio substituir o mais antigo templo da Vila dedicado à Virgem do Pilar, construído em madeira e taipa, nos primeiros anos do século XVIII. O projeto é atribuído ao sargento-mor e engenheiro Pedro Gomes Chaves, sendo João Fernandes de Oliveira o arrematante da obra principal. Segundo consta, o próprio governador teria se empenhado pessoalmente na sua construção, cuja administração era de responsabilidade da Irmandade do Santíssimo Sacramento. A construção da nova igreja iniciou-se pela nave, procedendo-se à demolição da capela-mor em 1731, ocasião em que o Santíssimo Sacramento e Imagens foram trasladados, provisoriamente, para a Capela do Rosário dos pretos, filial da Matriz do Pilar.
Construída em adobes e taipa, sua construção realizou-se em tempo recorde, já estando praticamente concluída em termos arquitetônicos em 1733, ano do “Triunfo Eucarístico”, procissão solene que assinala a volta do Santíssimo Sacramento e Imagens para a Matriz do Pilar. Entre 1735 e 1737, foi realizada a decoração arquitetônica da nave, integrando seis altares laterais em talha dourada executados em período anterior, datando provavelmente dessa mesma época os dois púlpitos laterais. Em 1751, foi concluído o arco-cruzeiro. A capela-mor foi reconstruída em maiores proporções e decorada em talha dourada entre 1741 e 1754, período conturbado pela falência do principal arrematante Antônio Francisco Pombal, em 1744, e morte do entalhador Francisco Xavier de Brito, em 1751.
Entretanto, somente vinte anos mais tarde foi definitivamente concluída a sua decoração, que consistiu nos trabalhos de pintura, douração da talha e painéis laterais. O atraso se justifica pela necessidade de reconstrução da abóbada, comprometida pela ação da chuva, o que se verificou somente em 1770. Já em 1781, em virtude da fragilidade da taipa, foi necessário reparar uma das torres que ameaçava desabar. Em 1818, uma parede inteira do edifício corria o risco de desabamento. Desta forma, era inevitável a obra de reedificação do templo, verificada finalmente em 1825, com a substituição da parede de taipa do lado da Epístola por alvenaria de pedra. Em 1848 foram concluídos o frontispício e a torre do lado do Evangelho, conferindo à Matriz do Pilar sua configuração atual.
A Matriz do Pilar apresenta estrutura arquitetônica idêntica à das igrejas construídas no mesmo período, caracterizada pela justaposição de duas formas quadrangulares, a primeira correspondente à nave ou corpo da igreja, e a segunda, mais alongada, à capela-mor e sacristia, tendo no segundo pavimento o tradicional consistório. O acesso à sacristia é feito por corredores laterais encimados por tribunas. A forma poligonal da nave advém de uma estrutura postiça de madeira, com pesados esteios que suportam a armação dos retábulos e as tribunas, prolongando-se até a cobertura. Entre esta estrutura de madeira e as paredes de alvenaria encontram-se, no primeiro pavimento, passagens irregulares que se comunicam pela parte posterior com os corredores que levam à sacristia. Estas passagens permitem também o acesso aos púlpitos e são encimadas por tribunas em largas aberturas que iluminam a nave. Construída em meados do século XIX, a fachada atual substituiu a do século XVIII, constituindo-se numa espécie de síntese dos frontispícios do Rosário e São Francisco, tendo sofrido influência ainda do Carmo no frontão, conforme assinala Germain Bazin.
Quanto à ornamentação, nada se conhece a respeito dos altares laterais e púlpitos construídos por confrarias particulares. Em número de seis, sabe-se que os altares dedicados a Santo Antônio e Nossa Senhora das Dores (primeiro e terceiro do lado do Evangelho) são anteriores aos demais, tendo pertencido talvez à igreja primitiva. Já os coroamentos foram provavelmente refeitos por Antônio Francisco Pombal. Os quatro altares restantes e os dois púlpitos são inteiramente dourados e caracterizam-se pelo barroco requintado, com profusa ornamentação. Todo o conjunto deve se situar no período compreendido entre 1730 e 1740. A capela-mor, de autoria de Francisco Xavier de Brito, inaugura em Minas o estilo conhecido por “estilo Brito”. Sua talha revela nítida preocupação arquitetônica, sendo a trama estrutural do retábulo organizada em função da tribuna central.
A ornamentação se complementa com magníficos painéis de talha e painéis de pintura a óleo nas paredes da capela-mor. Estas pinturas representam os quatro evangelistas (registro superior) e as quatro estações do ano (registro inferior). No painel circular, no centro da abóbada, encontra-se a representação da Última Ceia. O forro da nave, em caixotões curvilíneos e retilíneos, é composto por quinze painéis representando personagens e temas do Antigo Testamento. A pintura da matriz do Pilar é atribuída aos pintores João de Carvalhais e Bernardo Pires.
Além das imagens de excelente qualidade, a igreja abriga o Museu da Prata, o qual ocupa o corredor do lado do Evangelho, Sacristia e pequeno porão, constituído por peças de escultura, prataria e alfaias. Em corredor anexo ao Consistório, conserva-se o Arquivo da Matriz, o mais completo dos arquivos de Ouro Preto.
Dentre as restaurações empreendidas no decorrer do século XX, destaca-se a de 1952/1965, quando o IPHAN realizou trabalhos de recuperação do antigo douramento e pintura dos altares laterais e púlpitos da nave e pinturas da capela-mor, revelando a excelência dos quatro painéis representando as quatro estações do ano. A retirada das repinturas do painel central, representando a Última Ceia, revelou a superposição de três composições distintas.
Fonte: Iphan.
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