Porto Velho – Administração Central da Estrada de Ferro Madeira Mamoré


Imagem: Google Street View

O Prédio da Administração Central da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, em Porto Velho-RO, faz parte do conjunto ferroviário da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Nome atribuído: Pátio Ferroviário da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, bens móveis e imóveis
Localização: Porto Velho-RO
Número do Processo: 1220-T-1987
Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico: Inscrito em 08/01/2018
Livro do Tombo Histórico: Inscrito em 01/2008

Governo do Estado de Rondônia
Nome Atribuído: Estrada de Ferro Madeira-Mamoré
Localização: Percurso Porto Velho – Guajará-Mirim – Estado de Rondônia
Decreto de Registro: Lei nº 341, de 04/12/1991 / Artigo 264 da Constituição Estadual de 1989

Descrição: O Prédio da Administração Central da Ferrovia Madeira Mamoré, com tombamento no Artigo 264 da Constituição Estadual de1989, foi inaugurado em 1950, fazendo parte também do projeto de modernização em curso na cidade após a nacionalização da ferrovia. Seu projeto arquitetônico em estilo Art Déco foi  concebido com a utilização de técnicas construtivas em concreto armado, uma inovação na época no Brasil. Cantanhede (op. cit.) afirma que a partir dos anos 50, o prédio foi ocupado pelos funcionários da ferrovia.

“Passava dessa data em diante, o pessoal do Governo Federal, do barracão de madeira coberto de zinco, construído pelos concessionários da estrada de ferro, em 1908, para prédio nobre, com os requisitos requeridos para o perfeito funcionamento do serviço.” (CANTANHEDE,1950,p.331).

Com a erradicação da ferrovia seu acervo móvel e imóvel ficou sob a responsabilidade do 5º Batalhão de Engenharia de Construção do Exército, incluído aí o prédio da administração, conhecido como Prédio do Relógio. Também ali têm funcionado diversos órgãos administrativos do governo local; atualmente sedia a Secretaria de Cultura do Estado e deverá abrigar a Casa do Turista, com projeto de revitalização aprovado pelo IPHAN.
Fonte: Ana Cristina Lima Barreiros da Silva.

Descrição: Art. 1° – Fica criado, nos termos do inciso VII, do artigo 9°, da Constituição Estadual, o serviço de proteção e conservação da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, tombada de acordo com o artigo 264 da Carta Magna do Estado.
Parágrafo único – O patrimônio histórico a ser protegido e conservado, nos termos desta Lei, abrange todo o acervo da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, incluindo os maquinários, prédios, trilhos e pontes férreas, de todo o percurso original, Porto Velho – Guajará-Mirim.
Fonte: Lei Estadual de tombamento.

Descrição: […] a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré foi inaugurada em 30 de abril de 1912. Se por um lado trouxe desenvolvimento econômico para Rondônia, ligando, por exemplo, as cidades de Porto Velho e Guajará-Mirim, por outro não tardou a ficar obsoleta. 1912 foi o ano em que a economia da borracha entrou em crise. A ferrovia funcionou de modo desorganizado, gerida por empresas privadas ligadas à produção da borracha boliviana, até a década de 1930, quando finalmente passou a ser controlada pelo Estado brasileiro.
Com o declínio da produção da borracha, o governo de Getúlio Vargas passou a atribuir outras funções para a Madeira-Mamoré, entre elas a de ocupar as áreas de fronteira aproveitando a ociosidade da estrada de ferro, ao longo da qual foram criadas colônias agrícolas, sendo a principal delas a Colônia Agrícola do Iata, no Guajará-Mirim.
Fonte: Fundaj.

Histórico do município: Porto Velho foi criada por desbravadores por volta de 1907, durante a construção da E.F. Madeira- Mamoré. Fica nas barrancas da margem direita do rio Madeira, o maior afluente da margem direita do rio Amazonas.
Desde meados do sec. XIX, nos primeiros movimentos para construir uma ferrovia que possibilitasse superar o trecho encachoeirado do rio Madeira (cerca de 380km) e dar vazão à borracha produzida na Bolívia e na região de Guajará Mirim, a localidade escolhida para construção do porto onde o caucho seria transbordado para os navios seguindo então para a Europa e os EUA, foi Santo Antônio do Madeira, província de Mato Grosso.

As dificuldades de construção e operação de um porto fluvial, em frente aos rochedos da cachoeira de Santo Antônio, fizeram com que construtores e armadores utilizassem o pequeno porto amazônico localizado 7km abaixo, em local muito mais favorável.
Em 15/01/1873, o Imperador Pedro II assinou o Decreto-lei n.º 5.024, autorizando navios mercantes de todas as nações subirem o Rio Madeira. Em decorrência, foram construídas modernas facilidades de atracação em Santo Antônio, que passou a ser denominado Porto Novo.

O porto velho dos militares continuou a ser usado por sua maior segurança, apesar das dificuldades operacionais e da distância até S. Antônio, ponto inicial da EFMM.
Percival Farquar, proprietário da empresa que afinal conseguiu concluir a ferrovia em 1912, desde 1907 usava o velho porto para descarregar materiais para a obra e, quando decidiu que o ponto inicial da ferrovia seria aquele (já na província do Amazonas), tornou-se o verdadeiro fundador da cidade que, quando foi afinal oficializada pela Assembléia do Amazonas, recebeu o nome Porto Velho.

Após a conclusão da obra da EFMM em 1912 e a retirada dos operários, a população local era de cerca de 1.000 almas. Então, o maior de todos os bairros era onde moravam os barbadianos – Barbadoes Town – construído em área de concessão da ferrovia. As moradias abrigavam principalmente trabalhadores negros oriundos das Ilhas Britânicas do Caribe, genericamente denominados barbadianos. Ali residiam pois vieram com suas famílias, e nas residências construídas pela ferrovia para os trabalhadores só podiam morar solteiros.

Era privilégio dos dirigentes morar com as famílias. Com o tempo passou a abrigar moradores das mais de duas dezenas de nacionalidades de trabalhadores que para cá acorreram. Essas frágeis e quase insalubres aglomerações, associadas às construções da Madeira-Mamoré foram a origem da cidade de Porto Velho, criada em 02 de outubro de 1914.
Muitos operários, migrantes e imigrantes moravam em bairros de casas de madeira e palha, construídas fora da área de concessão da ferrovia.

Assim, Porto Velho nasceu das instalações portuárias, ferroviárias e residenciais da Madeira-Mamoré Railway. A área não industrial das obras tinha uma concepção urbana bem estruturada, onde moravam os funcionários mais qualificados da empresa, onde estavam os armazéns de produtos diversos, etc. De modo que, nos primórdios haviam como duas cidades: a área de concessão da ferrovia e a área pública. Duas pequenas povoações, com aspectos muito distintos. Eram separadas por uma linha fronteiriça denominada Avenida Divisória, a atual Avenida Presidente Dutra. Na área da railway predominavam os idiomas inglês e espanhol, usados inclusive nas ordens de serviço, avisos e correspondência da Companhia.

Apenas nos atos oficiais, e pelos brasileiros era usada a lingua portuguesa. Cada uma dessas povoações tinham comércio, segurança e, quase, leis próprias. Com vantagens para os ferroviários, face a realidade econômica das duas comunidades. Até mesmo uma espécie de força de segurança operava na área de concessão da empresa, independente da força policial do estado do Amazonas.
Fonte: IBGE.

CONJUNTO:
Porto Velho – Administração Central da Estrada de Ferro Madeira Mamoré
Porto Velho – Cemitério da Candelária
Porto Velho – Estrada de Ferro Madeira Mamoré e seu acervo
Porto Velho – Três Caixas d’Água
Rondônia – Estrada de Ferro Madeira-Mamoré

MAIS INFORMAÇÕES:
Ana Cristina Lima Barreiros da Silva


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