Santa Maria – Antigos Depósitos da RFFSA
Os Antigos Depósitos da RFFSA foram tombados pela Prefeitura Municipal de Santa Maria-RS. Atualmente abrigam o Museu do Azulejo e do Piso.
IPHAE – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado
Nome Atribuído: Sítio Ferroviário de Santa Maria
Localização: Praça Procópio Ferreira, nº 86 – Santa Maria-RS
Número do Processo: 000548-11.00/99.8
Portaria de Tombamento: 30/00
Livro Tombo Histórico: Inscr. Nº 85, de 22/11/2000
Publicação no Diário Oficial: 14/11/2000
IPLAN/SM – Instituto de Planejamento de Santa Maria
COMPHIC – Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural de Santa Maria
Nome Atribuído: Depósito RFFSA
Localização: R. Manoel Ribas, n° 2088, 2110 e 2130 – Centro – Santa Maria-RS
Resolução de Tombamento: Lei Municipal n° 4009-1996 e Decreto n° 161-1997
Uso Atual: Museu do Azulejo e do Piso
Descrição: De acordo com relatos feitos em entrevista com Rodrigo Coelho de Mello (bacharel em História) e Telmo Pereira Soares (ex-presidente da Cooperativa dos Ferroviários), foram construídos os depósitos primeiramente e, mais tarde, a pharmácia. A data de construção das edifcações não é descrita em nenhum documento, mas, de acordo com os entrevistados, seria em torno de 1903 a 1913 pela Cia. Auxiliare. Telmo relatou, também, que, em 1917, quando a Viação Férrea do Rio Grande do Sul assumiu a linha férrea, essa tornou-se “proprietária” dos prédios, mas foi a COOPFER que passou a administrá-los com os usos que lhes eram atribuídos. A razão para a criação dos depósitos e da farmácia foi a de se ter um lugar para armazenamento dos muitos produtos da Cooperativa, que precisavam ser estocados próximos à Estação, e o de se ter um local de fornecimento e estocagem de medicamentos (SOARES, 2016).
Ainda, de acordo com Rodrigo C. de Mello, na primeira edifcação do lado direito da Rua Manoel Ribas se tinha a farmácia matriz (preexistência 1). Logo após, no segundo prédio (preexistência 2), era a Secção do Depósito de Bebidas (secção responsável pelo armazenamento e acondicionamento adequados de bebidas, como refrigerantes, cervejas, cachaças, vinhos, grappa, uísques, espumantes, conhaques e licores). No terceiro prédio (preexistência 3), funcionava a Secção de Via Permanente (secção responsável pela distribuição de mercadorias ao longo da via férrea para os associados da cooperativa). O quarto prédio era o da Secção de Expedição (secção responsável pela entrada e saída de mercadorias que eram distribuídas para os armazéns fliais da Cooperativa no Rio Grande do Sul e para os seus associados. O quinto prédio era o Armazém Central da Cooperativa, onde funcionava a Secção de Secos e Molhados (secção responsável pela venda de mercadorias de consumo, como arroz, feijão, açúcar, sal, azeite, compotas de doces, sabonetes, escovas e cremes dentais, desodorantes, talcos, entre outros produtos) e a Secção de Ferragens (secção responsável pela venda de ferramentas e utensílios de cozinha). O último prédio era composto de dois pisos e era onde funcionava administração central e a Secção de Calçados e Fazendas (esta responsável pela venda de calçados e de tecidos, armarinhos, fazendas, roupas de cama, mesa e banho, entre outros produtos) (MELLO, 2016).
Com o fim da Cooperativa dos Ferroviários, no fnal da década de 80, os depósitos tiveram o encerramento de suas atividades e, da mesma forma e por falta de investimentos, a farmácia fechou no começo da década de 90. Após, as edifcações entraram em processo de degradação pelo tempo e por falta de uso, até que foram alugadas e reparadas em torno de dez anos depois. Em 2012, após serem tombadas pelo IPHAE, as edifcações tiveram suas fachadas restauradas, no entanto, ainda precisariam de uma restauração em todo o conjunto.
As preexistências 1, 2 e 3, patrimônios materiais de estudo, estão localizadas na Rua Manoel Ribas – Vila Belga, centro histórico de Santa Maria/RS. São armazéns que eram, no início, depósitos (edifcação 2 e 3), atual Museu do Azulejo e Ofcina, e uma farmácia/phamácia (edifcação 1), atual Intermed, indicados na figura 9.
Os três armazéns eram grandes pavilhões, contabilizando 1.098,81 m², com paredes externas estruturais (alvenaria autoportante) e treliças reforçadas, de madeira nobre, para não precisar de pilares no projeto. O piso era de Gres (se mantém em parte das preexistências 2 e 3) ou cimento rústico, mas já foi substituído por cerâmica na preexistência 1 e por ladrilho hidráulico em partes das preexistências 2 e 3.
A planta baixa mostra que as paredes usadas entre um armazém e o outro eram as mesmas, pois cada nova edifcação da Cooperativa era construída com base na parede da edifcação anterior. No corte AA, é possível visualizar o pé-direito das edifcações, que chegava a 6 metros de altura, e suas coberturas bastante inclinadas. Para suportar o peso das grandes coberturas com telha francesa e forro em madeira, foram usadas treliças que, hoje, já estão bastante comprometidas e tiveram que ser reestruturadas. É possível visualizar a grande altura e inclinação das coberturas, que chegam a ter quase duas vezes mais a altura das paredes.
As esquadrias originais eram de madeira com janelas e portas de mesmo tamanho e venezianas de madeira, tanto na fachada principal como na dos fundos. No entanto, houve uma grande mudança nessas esquadrias com o passar dos anos. Na fachada dos fundos, uma das portas de madeira foi substituída por porta metálica, enquanto uma outra porta, assim como as janelas, foram preenchidas com tijolos e grades, apenas como vedação. Na fachada principal, houve a mudança de quatro portas, a substituição de uma janela por uma porta, a substituição de três janelas de madeira por janelas de metal e todas elas receberam grades, descaracterizando, assim, a fachada original. Além disso, duas das janelas perderam os adornos característicos do estilo Art Déco, algumas janelas altas foram fechadas e dois armazéns receberam marquises. São notórias a degradação e descaracterização da edifcação com a comparação de fotos de diferentes períodos, que são apresentadas na figura 14.
Com o desenvolvimento da Cooperativa e da Viação Férrea, veio a necessidade de estocar mais produtos, tanto aqueles produzidos ou plantados pela própria Cooperativa como aqueles que vinham pelos trens de cargas de outras cidades. Para isso, foram construídos mezaninos nesses armazéns com acessos entre as edifcações, além de escritórios sobre eles, que já não existem mais, mas que deixaram as marcas nas paredes.
As três edifcações de estudo estão bastante degradadas, internamente e externamente, pelo tempo, pelo vandalismo e pela falta de manutenção, como aparece na fgura anterior e nas imagens/grafcações das fachadas dos fundos – Norte (Figuras 16 e 17) e das fachadas principais – Sul. As fachadas principais, após o tombamento do IPHAE, foram restauradas e receberam diferentes tipos de cores a partir de 2012, mas, em 2016, já apresentavam problemas, como pinturas descascando, rachaduras na platibanda e crescimento de vegetação, causados pela umidade e degradação.
Fonte: Marina de Alcântara.
CONJUNTO:
Santa Maria – Sítio Ferroviário
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Marina de Alcântara