São José dos Campos – Capela Santa Cruz
A Capela Santa Cruz foi tombada pela Prefeitura Municipal de São José dos Campos-SP por sua importância cultural para a cidade.
COMPHAC – Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural da cidade de São José dos Campos-SP
Nome Atribuído: Capela Santa Cruz
Outros Nomes: Capelinha
Localização: R. José Leite da Silva, n° 60 – Distrito de Eugênio de Melo – São José dos Campos-SP
Resolução de Tombamento: EP-1 Lei n.º 6092/02
Descrição: Bem da primeira década do século XX.
Fonte: Prefeitura Municipal.
Descrição: A epidemia de varíola ocorre no primeiro quartel do século XX, sendo ainda um resquício dos processos epidemiológicos ocorridos no Vale do Paraíba. Há poucos dados para que se possa explicar este surto. A hipótese mais provável seja talvez o contato constante com pessoas de várias localidades, devido ao comércio interno e de exportação. Soma-se a isto a presença nesta localidade de imigrantes europeus ainda não imunizados. De qualquer forma, a doença permaneceu na região por várias décadas, trazendo riscos à população e mudança no seu cotidiano:
“Aí, começou a morrer muita gente, tinha pessoal que queria enterrar no quintal, sabe. Mas aí num deixaram, porque era muito difícil transportar o defunto até São José. Porque o pessoal eles levavam, mas não era assim [como estava na ilustração de cartilha mostrada por Madalena na entrevista], era a rede que eles colocavam, no meio da rede, amarravam um pau, e um segurava na frente e outro segurava atrás. Aí resolveram fazer um cemitério aqui. No começo eles achavam… já tavam sabendo, porque essa epidemia foi geral, num foi só aqui. Uma epidemia muito grande. Morreu muita gente. Na cidade, eles levavam na carroça, família inteira pra enterrá no cemitério. Aquelas pessoas mais humildes, eles faziam vala e colocavam. Porque era muita gente, diz que chegava a saí com carroça cheia de gente. Foi horrível, foi uma epidemia mesmo grande.” [11]
Devido ao grande número de doentes, tornou-se mais difícil o transporte dos mortos para o cemitério de São José dos Campos, único existente no município. Em função disso, abriu-se um cemitério no distrito, para atender as novas demandas trazidas pela onda epidêmica.
Nesta época era costume na região o velório ser realizado nas casas dos parentes do falecido, deslocando-se após para a Igreja ou diretamente para o cemitério. No entanto, devido ao risco de contágio, “foi construída uma pequena e simples capela, à Rua José Leite da Silva, para evitar o contágio, daquele que morreu em consequência da doença, com as demais pessoas” [12].
A Capela Santa Cruz foi erigida na primeira década do século XX, numa chácara doada para esse fim por sua proprietária, conhecida como Benedita Frade. Era de pequenas proporções, construída de pau-a-pique e sapê. Esta primeira capelinha deu lugar a outra, construída com tijolos.
No entanto, muitos moradores ainda mantiveram a tradição de velar seus mortos nas casas, para preocupação das autoridades. Somente os moradores de casas pequenas, de vilas ou da Beira do Paraíba, utilizavam a Capelinha como local de velório. Este processo durou até o ano de 1999, quando foi inaugurado o velório no distrito.
Quando findou a epidemia, iniciou-se a Festa de Santa Cruz.
Fonte: FCCR.
Histórico do Município: As origens de São José dos Campos remontam ao final do século 16, quando se formou a Aldeia do Rio Comprido, uma fazenda jesuítica que usava a atividade pecuarista para evitar incursões de bandeirantes. Porém, em 10 de setembro de 1611, a lei que regulamentava os aldeamentos indígenas por parte dos religiosos fez com que os jesuítas fossem expulsos e os aldeãos espalhados.
Os jesuítas voltaram anos mais tarde, estabelecendo-se em uma planície a 15 quilômetros de distância, onde hoje está a Igreja Matriz de São José, no centro. Este núcleo, que deu origem à cidade, tinha clima agradável e ficavam numa posição estratégica em caso de invasões. Novamente a missão passava aos olhares externos como fazenda de gado. Nesse período, a aldeia apresentou sérias dificuldades econômicas por causa do grande fluxo de mão de obra para o trabalho nas minas.
Em 1759, os jesuítas foram expulsos do Brasil, e todas as posses da ordem confiscadas por Portugal. Na mesma época, Luis Antonio de Souza Botelho Mourão, conhecido como Morgado de Mateus, assumiu o governo de São Paulo, com a incumbência de reerguer a capitania, mera coadjuvante num cenário em que Minas Gerais se destacava pela atividade mineradora. Uma das primeiras providências foi elevar à categoria de vila diversas aldeias, entre elas São José, com o objetivo de aumentar a arrecadação provincial.
Mesmo antes de se tornar freguesia, a aldeia foi transformada em vila em 27 de julho de 1767 com o nome de São José do Paraíba. Foram erguidos o pelourinho e a Câmara Municipal, símbolos que caracterizavam a nova condição. Entretanto, a emancipação política não trouxe grandes benefícios até meados do século 19, quando o município passou a exibir sinais de crescimento econômico, graças à expressiva produção de algodão, exportado para a indústria têxtil inglesa.
Depois de ocupar posição periférica no período áureo do café no Vale do Paraíba, São José dos Campos ganhou destaque nacional na chamada fase sanatorial, quando inúmeros doentes procuravam o clima da cidade em busca de cura para a tuberculose. Gradativamente já estava sendo criada uma estrutura de atendimento, com pensões e repúblicas.
Em 1924 foi inaugurado o Sanatório Vicentina Aranha, o maior do país. Somente em 1935, com os investimentos do governo de Getúlio Vargas e a transformação do município em estância climatérica e hidromineral, o município pôde investir em infraestrutura, principalmente na área de saneamento básico, que no futuro viria a ser um trunfo a mais para a atração de investimentos destinados ao desenvolvimento industrial.
Entre 1935 a 1958, a cidade foi administrada por prefeitos sanitaristas, nomeados pelo governo estadual. A autonomia para eleger o prefeito foi perdida em 1967, durante o regime militar, e reconquistada em 1978.
O processo de industrialização da de São José dos Campos tomou impulso a partir da instalação, em 1950, do então Centro Técnico Aeroespacial (CTA) – hoje Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) – e inauguração da Via Dutra, em 1951. Nas décadas seguintes, com a consolidação da economia industrial, a cidade apresentou crescimento demográfico expressivo, que também acelerou o processo de urbanização.
Nos anos 90 e início do século 21, São José dos Campos passou por um importante incremento no setor terciário. A cidade é um centro regional de compras e serviços, com atendimento a aproximadamente 2 milhões de habitantes do Vale do Paraíba e sul de Minas Gerais.
Fonte: IBGE.
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