Porto Velho – Cemitério dos Inocentes


Imagem: Prefeitura Municipal

O Cemitério dos Inocentes, em Porto Velho-RO, foi tombado por sua importância cultural para o Estado.

Governo do Estado de Rondônia
SECULT – Secretaria de Estado da Cultura

Nome atribuído: Cemitério dos Inocentes
Localização: R. Alm. Barroso – Centro – Porto Velho-RO
Decreto de Tombamento: Artigo n° 264 da Constituição Estadual de 1989

Prefeitura Municipal de Porto Velho
Nome atribuído: Cemitério dos Inocentes
Localização: R. Alm. Barroso – Centro – Porto Velho-RO
Decreto de Tombamento: Lei Municipal nº 71, de 21/11/1985

Descrição: O Cemitério dos Inocentes é um dos mais antigos da cidade. Construído em 24 de janeiro de 1915, o local foi inaugurado três meses após a criação oficial do município, no dia 2 de outubro do ano anterior, pelo então superintendente municipal Fernando Guapindaia de Souza Brejense, cargo equivalente ao de prefeito.
Na época, Major Guapindaia, militar reformado do Exército Brasileiro, teria prometido que o nome da primeira pessoa a ser sepultada ali, também seria o nome do local. Como os primeiros corpos enterrados naquele espaço teriam sido de duas crianças gêmeas, o local ganhou o nome de Cemitério dos Inocentes.
Fonte: Prefeitura Municipal.

Descrição: O Cemitério dos Inocentes foi construído como cemitério público
municipal, inaugurado em 1915, no bairro do Mocambo, que ficava fora da área
privada da ferrovia; esta possuía um cemitério próprio, o da Candelária, onde
não era permitido o sepultamento de quem não estivesse vinculado à
administração da Madeira Mamoré. De acordo com Borzacov (op. cit.) em 1982
chegou a ser cogitada sua desativação em função de interesses imobiliários de
grupos locais, mas houve um movimento popular por sua permanência
resultando em seu tombamento municipal (Lei nº 265 de 1983), e tombamento
estadual em 1989 (Artigo 264 da Constituição Estadual); apesar de ser um bem
com duplo tombamento, isto não tem lhe garantido maiores cuidados em sua
preservação como podemos observar nas fotos abaixo.
Fonte: Ana Cristina Lima Barreiros da Silva.

Descrição: Ficam tombados os sítios arqueológicos, a Estrada de Ferro Madeira Mamoré com todo o seu acervo, o Real Forte do Príncipe da Beira, os postos telegráficos e demais acervos da Comissão Rondon, o local da antiga cidade de Santo Antonio do Alto Madeira, o Cemitério da Candelária, o Cemitério dos Inocentes, o Prédio da Cooperativa dos Seringalistas, o Marco das Coordenadas Geográficas da Cidade de Porto Velho e outros que venham a ser definidos em lei.
Parágrafo único – As terras pertencentes à antiga Estrada de Ferro Madeira Mamoré e outras consideradas de importância histórica, revertidas ao patrimônio do Estado, não serão discriminadas, sendo nulos de pleno direito os atos de qualquer natureza que tenham por objeto o seu domínio, uma vez praticados pelo Governo do Estado, sendo seu uso disciplinado em lei”.
Fonte: Artigo n° 264 da Constituição Estadual de 1989.

Histórico do município: Porto Velho foi criada por desbravadores por volta de 1907, durante a construção da E.F. Madeira- Mamoré. Fica nas barrancas da margem direita do rio Madeira, o maior afluente da margem direita do rio Amazonas.
Desde meados do sec. XIX, nos primeiros movimentos para construir uma ferrovia que possibilitasse superar o trecho encachoeirado do rio Madeira (cerca de 380km) e dar vazão à borracha produzida na Bolívia e na região de Guajará Mirim, a localidade escolhida para construção do porto onde o caucho seria transbordado para os navios seguindo então para a Europa e os EUA, foi Santo Antônio do Madeira, província de Mato Grosso.

As dificuldades de construção e operação de um porto fluvial, em frente aos rochedos da cachoeira de Santo Antônio, fizeram com que construtores e armadores utilizassem o pequeno porto amazônico localizado 7km abaixo, em local muito mais favorável.
Em 15/01/1873, o Imperador Pedro II assinou o Decreto-lei n.º 5.024, autorizando navios mercantes de todas as nações subirem o Rio Madeira. Em decorrência, foram construídas modernas facilidades de atracação em Santo Antônio, que passou a ser denominado Porto Novo.

O porto velho dos militares continuou a ser usado por sua maior segurança, apesar das dificuldades operacionais e da distância até S. Antônio, ponto inicial da EFMM.
Percival Farquar, proprietário da empresa que afinal conseguiu concluir a ferrovia em 1912, desde 1907 usava o velho porto para descarregar materiais para a obra e, quando decidiu que o ponto inicial da ferrovia seria aquele (já na província do Amazonas), tornou-se o verdadeiro fundador da cidade que, quando foi afinal oficializada pela Assembleia do Amazonas, recebeu o nome Porto Velho.

Após a conclusão da obra da EFMM em 1912 e a retirada dos operários, a população local era de cerca de 1.000 almas. Então, o maior de todos os bairros era onde moravam os barbadianos – Barbadoes Town – construído em área de concessão da ferrovia. As moradias abrigavam principalmente trabalhadores negros oriundos das Ilhas Britânicas do Caribe, genericamente denominados barbadianos. Ali residiam pois vieram com suas famílias, e nas residências construídas pela ferrovia para os trabalhadores só podiam morar solteiros.

Era privilégio dos dirigentes morar com as famílias. Com o tempo passou a abrigar moradores das mais de duas dezenas de nacionalidades de trabalhadores que para cá acorreram. Essas frágeis e quase insalubres aglomerações, associadas às construções da Madeira-Mamoré foram a origem da cidade de Porto Velho, criada em 02 de outubro de 1914.
Muitos operários, migrantes e imigrantes moravam em bairros de casas de madeira e palha, construídas fora da área de concessão da ferrovia.

Assim, Porto Velho nasceu das instalações portuárias, ferroviárias e residenciais da Madeira-Mamoré Railway. A área não industrial das obras tinha uma concepção urbana bem estruturada, onde moravam os funcionários mais qualificados da empresa, onde estavam os armazéns de produtos diversos, etc. De modo que, nos primórdios haviam como duas cidades: a área de concessão da ferrovia e a área pública. Duas pequenas povoações, com aspectos muito distintos. Eram separadas por uma linha fronteiriça denominada Avenida Divisória, a atual Avenida Presidente Dutra. Na área da railway predominavam os idiomas inglês e espanhol, usados inclusive nas ordens de serviço, avisos e correspondência da Companhia.

Apenas nos atos oficiais, e pelos brasileiros era usada a língua portuguesa. Cada uma dessas povoações tinham comércio, segurança e, quase, leis próprias. Com vantagens para os ferroviários, face a realidade econômica das duas comunidades. Até mesmo uma espécie de força de segurança operava na área de concessão da empresa, independente da força policial do estado do Amazonas.
Fonte: IBGE.

MAIS INFORMAÇÕES:
Ana Cristina Lima Barreiros da Silva


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