Porto Velho – Cemitério da Candelária


Coleção Dana Merrill / Tratamento dos negativos e diapositivos do Serviço de Documentação Textual e Iconografia – L3 Conservação de Acervos S/S Ltda / Reprodução digital – Um Certo Olhar Imagens e Editora Ltda. / 2011

O Cemitério da Candelária, em Porto Velho-RO, faz parte do conjunto ferroviário da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Nome atribuído: Pátio Ferroviário da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, bens móveis e imóveis
Localização: Porto Velho-RO
Número do Processo: 1220-T-1987
Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico: Inscrito em 08/01/2018
Livro do Tombo Histórico: Inscrito em 01/2008

Governo do Estado de Rondônia
Nome Atribuído: Cemitério da Candelária
Localização: Av. Farquar – Triângulo – Porto Velho-RO
Decreto de Registro: Lei nº 341, de 04/12/1991 / Artigo 264 da Constituição Estadual de 1989

Descrição: A Ferrovia Madeira Mamoré foi tombada primeiramente em âmbito estadual, reconhecendo como patrimônio a totalidade de sua extensão e de seu acervo conforme já transcrito anteriormente no texto do Artigo 264 da Constituição do Estado, de 28/09/1989. De acordo com Bertolo et AL(2012), a nível federal os primeiros estudos para o tombamento da ferrovia iniciaram-se ainda na década de 80. Em 1986, a Fundação Pró Memória elaborou um relatório com a “Exposição de Motivos”, sendo providenciado o inventário do acervo móvel e imóvel. Na exposição de motivos ficou clara a necessidade do tombamento de todo o seu percurso bem como do acervo existente, como descrito no tombamento do Estado; em 1987 foi iniciado o processo de tombamento federal, que teve duração de 19 anos, tendo sido homologado em 28/12/2006.

No entanto, apesar da recomendação, apenas o Conjunto Histórico da Estrada de Ferro em seus 8 km iniciais foram tombados e parte do acervo, incluídos aí o Cemitério da Candelária e a Praça das Três Caixas D’Água. Nesse intervalo de tempo, como vimos anteriormente, o IPHAN teve sua representação aberta em Rondônia no ano de 2005.

Ao mesmo tempo da construção da ferrovia, a Madeira Mamoré Railway Co. providenciou a instalação de um hospital no sítio da Candelária. na área de seus domínios; junto ao hospital foi instalado o cemitério que deveria atender o sepultamento dos seus funcionários. O complexo hospitalar a princípio tinha
instalações pequenas, mas com a gravidade das questões sanitárias encontradas no local, acabou adquirindo uma importância fundamental para o empreendimento, como veremos no capítulo 3, onde nos deteremos sobre o núcleo histórico da cidade, ao qual a Candelária pertence.

A Portaria nº 231, de 13 de julho de 2007, expedida pelo IPHAN, estabelece que o Cemitério da Candelária faça parte do conjunto histórico, arquitetônico e paisagístico da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e por ter “excepcional valor cultural”, seja integrante do patrimônio cultural brasileiro.

Também consta como bem tombado na Constituição Estadual em seu Artigo 264. Do hospital não restaram nem ruínas, mas o sítio histórico do cemitério, em estado de abandono, ainda apresenta alguns resquícios de sepulturas como podemos ver nas figuras a seguir. A Associação do Amigos da Madeira Mamoré promove anualmente no Dia de Finados, uma missa campal , em forma de protesto às péssimas condições em que se encontra o patrimônio.
Fonte: Ana Cristina Lima Barreiros da Silva.

Descrição: Art. 1° – Fica criado, nos termos do inciso VII, do artigo 9°, da Constituição Estadual, o serviço de proteção e conservação da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, tombada de acordo com o artigo 264 da Carta Magna do Estado.
Parágrafo único – O patrimônio histórico a ser protegido e conservado, nos termos desta Lei, abrange todo o acervo da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, incluindo os maquinários, prédios, trilhos e pontes férreas, de todo o percurso original, Porto Velho – Guajará-Mirim.
Fonte: Lei Estadual de tombamento.

Descrição: […] a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré foi inaugurada em 30 de abril de 1912. Se por um lado trouxe desenvolvimento econômico para Rondônia, ligando, por exemplo, as cidades de Porto Velho e Guajará-Mirim, por outro não tardou a ficar obsoleta. 1912 foi o ano em que a economia da borracha entrou em crise. A ferrovia funcionou de modo desorganizado, gerida por empresas privadas ligadas à produção da borracha boliviana, até a década de 1930, quando finalmente passou a ser controlada pelo Estado brasileiro.
Com o declínio da produção da borracha, o governo de Getúlio Vargas passou a atribuir outras funções para a Madeira-Mamoré, entre elas a de ocupar as áreas de fronteira aproveitando a ociosidade da estrada de ferro, ao longo da qual foram criadas colônias agrícolas, sendo a principal delas a Colônia Agrícola do Iata, no Guajará-Mirim.
Fonte: Fundaj.

Histórico do município: Porto Velho foi criada por desbravadores por volta de 1907, durante a construção da E.F. Madeira- Mamoré. Fica nas barrancas da margem direita do rio Madeira, o maior afluente da margem direita do rio Amazonas.
Desde meados do sec. XIX, nos primeiros movimentos para construir uma ferrovia que possibilitasse superar o trecho encachoeirado do rio Madeira (cerca de 380km) e dar vazão à borracha produzida na Bolívia e na região de Guajará Mirim, a localidade escolhida para construção do porto onde o caucho seria transbordado para os navios seguindo então para a Europa e os EUA, foi Santo Antônio do Madeira, província de Mato Grosso.

As dificuldades de construção e operação de um porto fluvial, em frente aos rochedos da cachoeira de Santo Antônio, fizeram com que construtores e armadores utilizassem o pequeno porto amazônico localizado 7km abaixo, em local muito mais favorável.
Em 15/01/1873, o Imperador Pedro II assinou o Decreto-lei n.º 5.024, autorizando navios mercantes de todas as nações subirem o Rio Madeira. Em decorrência, foram construídas modernas facilidades de atracação em Santo Antônio, que passou a ser denominado Porto Novo.

O porto velho dos militares continuou a ser usado por sua maior segurança, apesar das dificuldades operacionais e da distância até S. Antônio, ponto inicial da EFMM.
Percival Farquar, proprietário da empresa que afinal conseguiu concluir a ferrovia em 1912, desde 1907 usava o velho porto para descarregar materiais para a obra e, quando decidiu que o ponto inicial da ferrovia seria aquele (já na província do Amazonas), tornou-se o verdadeiro fundador da cidade que, quando foi afinal oficializada pela Assembléia do Amazonas, recebeu o nome Porto Velho.

Após a conclusão da obra da EFMM em 1912 e a retirada dos operários, a população local era de cerca de 1.000 almas. Então, o maior de todos os bairros era onde moravam os barbadianos – Barbadoes Town – construído em área de concessão da ferrovia. As moradias abrigavam principalmente trabalhadores negros oriundos das Ilhas Britânicas do Caribe, genericamente denominados barbadianos. Ali residiam pois vieram com suas famílias, e nas residências construídas pela ferrovia para os trabalhadores só podiam morar solteiros.

Era privilégio dos dirigentes morar com as famílias. Com o tempo passou a abrigar moradores das mais de duas dezenas de nacionalidades de trabalhadores que para cá acorreram. Essas frágeis e quase insalubres aglomerações, associadas às construções da Madeira-Mamoré foram a origem da cidade de Porto Velho, criada em 02 de outubro de 1914.
Muitos operários, migrantes e imigrantes moravam em bairros de casas de madeira e palha, construídas fora da área de concessão da ferrovia.

Assim, Porto Velho nasceu das instalações portuárias, ferroviárias e residenciais da Madeira-Mamoré Railway. A área não industrial das obras tinha uma concepção urbana bem estruturada, onde moravam os funcionários mais qualificados da empresa, onde estavam os armazéns de produtos diversos, etc. De modo que, nos primórdios haviam como duas cidades: a área de concessão da ferrovia e a área pública. Duas pequenas povoações, com aspectos muito distintos. Eram separadas por uma linha fronteiriça denominada Avenida Divisória, a atual Avenida Presidente Dutra. Na área da railway predominavam os idiomas inglês e espanhol, usados inclusive nas ordens de serviço, avisos e correspondência da Companhia.

Apenas nos atos oficiais, e pelos brasileiros era usada a língua portuguesa. Cada uma dessas povoações tinham comércio, segurança e, quase, leis próprias. Com vantagens para os ferroviários, face a realidade econômica das duas comunidades. Até mesmo uma espécie de força de segurança operava na área de concessão da empresa, independente da força policial do estado do Amazonas.
Fonte: IBGE.

CONJUNTO:
Porto Velho – Administração Central da Estrada de Ferro Madeira Mamoré
Porto Velho – Cemitério da Candelária
Porto Velho – Estrada de Ferro Madeira Mamoré e seu acervo
Porto Velho – Três Caixas d’Água
Rondônia – Estrada de Ferro Madeira-Mamoré

MAIS INFORMAÇÕES:
Ana Cristina Lima Barreiros da Silva


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