Rio de Janeiro – Capela de Nossa Senhora da Cabeça


Imagem: Governo do Estado

A Capela de Nossa Senhora da Cabeça, em Rio de Janeiro-RJ, foi tombada por sua importância cultural.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Nome atribuído: Capela de Nossa Senhora da Cabeça
Localização: Rua Faro, nº 80, Jardim Botânico – Rio de Janeiro – RJ
Número do Processo: 632-T-1961
Livro do Tombo Histórico: Inscr. nº 384, de 13/08/1965
Observações: O tombamento inclui todo o seu acervo, de acordo com a Resolução do Conselho Consultivo da SPHAN, de 13/08/85, referente ao Processo Administrativo nº 13/85/SPHAN.

Descrição: Trata-se de um dos mais antigos templos religiosos da cidade que manteve sua configuração original. Pela sua importância histórica, além do tombamento federal que data de 1965, esta recebeu recentemente o tombamento municipal, através do Decreto n°24.525 de 13 de agosto de 2004. A capela de Nossa Senhora da Cabeça está situada nos terrenos da Casa Maternal Mello Mattos, na Rua Faro 80, na encosta do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, envolta pela mata remanescente da Floresta da Tijuca.
Quando foi construída, provavelmente entre 1603 e 1607, a Capela de N. S. da Cabeça situava-se dentro dos terrenos do antigo Engenho d´El Rey, que se estendia por toda a área entre a lagoa e as encostas do Corcovado, desde a Gávea até o Humaitá, com sede na área onde hoje está o Jardim Botânico. A capela de Nossa Senhora da Cabeça foi construída a meia encosta da serra da Carioca, às margens de um riacho que também tomou o nome de Cabeça.
Há registro de reformas na capela nos anos de 1856, 1902, 1943 e 1992, mas tendo mantido sua configuração original ela foi descrita como um autêntico exemplar da arquitetura rural do período colonial. É composta por fachada simples com frontão triangular e ombreiras de cantaria, com duas janelas gradeadas e uma porta almofadada de madeira. O acesso à capela é precedido de alpendre, com telhado apoiado em duas colunetas de estilo toscano. Internamente possui apenas um cômodo pavimentado com lajotas de barro e coberto por abóbada de berço feita de alvenaria. Possui altar de madeira com veios policromados que data do século XVIII.
A Obra de Restauração. A Obra Social do Rio de Janeiro em parceria com a SEDREPAHC, atual SUBPC, e patrocínio do Instituto Vivo realizou as obras de restauração da Capela de N.S. da Cabeça. Estas foram iniciadas em 2005 com a s prospecções arqueológicas que tiveram como objetivo compreender as modificações ocorridas na edificação, as transformações em suas feições originais, alterações de níveis de pisos, técnicas e materiais construtivos empregados na sua construção e intervenções posteriores. Vestígios de louça, vidro, e outros materiais remanescentes do período em que funcionava ali a antiga fazenda e engenho, nos séculos VII, VIII e XIX foram encontrados na lateral da murada à direita da capela. Camada de areia e pedras, com arrumação que sugere a localização da antiga torre foi encontrada junto à descida da escada no adro.
A restauração consistiu da recomposição do telhado com telhas colonial, de beirais, cimalhas e do frontão. As alvenarias de pedra e cal receberam pintura à base de cal extinta no local, e as esquadrias receberam pintura à base de óleo na cor azul encontrada nas primeiras camadas pictóricas pesquisadas. A restauração do piso consistiu na retirada do piso atual e substituição por piso de lajotas de barro retangulares nas dimensões encontradas na prospecção arqueológica. O altar foi totalmente restaurado.
Em fins do século XVI e início do XVII o processo de colonização da cidade do Rio de Janeiro, fundada em 1565, encontrava-se em fase de expansão. As regiões hoje conhecidas por Tijuca, Laranjeiras, Gávea e Andaraí eram dominadas pelos engenhos de açúcar.
Por ordem da metrópole foi construída entre 1576-1577 uma fábrica de açúcar nas proximidades da Lagoa de Sacopenapan, a qual recebeu o nome de Engenho d’El Rei fato este de grande relevância para o desenvolvimento da região.
Fonte: Governo do Estado.

História: Em fins do século XVI e início do XVII o processo de colonização da cidade do Rio de Janeiro, fundada em 1565, encontrava-se em fase de expansão. As regiões hoje conhecidas por Tijuca, Laranjeiras, Gávea e Andaraí eram dominadas pelos engenhos de açúcar.
Por ordem da metrópole foi construída entre 1576-1577 uma fábrica de açúcar nas proximidades da Lagoa de Sacopenapan, a qual recebeu o nome de Engenho d’El Rei fato este de grande relevância para o desenvolvimento da região.
A construção de capelas tornou-se comum no programa arquitetônico das fazendas e chácaras de proprietários com situação econômica favorável. As capelas poderiam ter a concessão para realizar casamentos, batismos além das missas. Algumas poderiam até conseguir a permissão para ter cemitérios, sendo comum o sepultamento do proprietário e seus familiares.
Segundo Santos (2004, p. 51), “a capela compõe o programa arquitetônico das fazendas e engenhos com o objetivo de suprir as necessidades religiosas de seus habitantes, evitando o deslocamento destes para a paróquia”.
O Engenho d’El Rei segue este padrão, pois foi erigida durante a administração do Governador Martim Correia, uma capela (1625 a 1632), próxima a Casa Grande, dedicada a Nossa Senhora da Cabeça. O culto a virgem da Cabeça foi iniciado pelo mesmo Governador, tendo sido a família Correia de Sá a responsável pela vinda, de Portugal, da imagem e da devoção a Nossa Senhora da Cabeça. Com a construção de sua capela o culto em honra a virgem da Cabeça se ampliou.
No Brasil colonial, para ser um bom católico era necessário cumprir uma série de deveres para estar em dia com suas obrigações religiosas. Segundo Luís Mott (1997, p.159) as obrigações religiosas tinham função socializadora em uma sociedade com tão grande dispersão espacial. A freqüência às missas e a obrigatoriedade aos sacramentos permitiam a reunião dos colonos no espaço da igreja.
A maior parte da população no período colonial vivia nas fazendas, as quais se encontravam longe dos centros urbanos, ligadas a estes por caminhos difíceis e penosos para aqueles que desejavam cumprir suas obrigações religiosas. A exemplo deste fato Luís Saia relata que Fernão Paes de Barros resolve construir uma capela externa a sua casa em 1682 “alegando estar achacoso demais para realizar viagens a fim de cumprir deveres religiosos” (SAIA, 1958, p.18).
Fonte: Governo do Estado.

Prospecções arqueológicas: A capela de Nossa Senhora da Cabeça data do século XVII, tendo sido erigida nas proximidades da Lagoa de Sacopenapan, atual Lagoa Rodrigo de Freitas, junto a Casa Grande da fábrica de açúcar do Engenho d’El Rei. Hoje no local do antigo Engenho funciona a Casa Maternal de Mello Matos.
Através do levantamento histórico e iconográfico foi possível perceber as modificações ocorridas na edificação como: alteração na fachada posterior, com a retirada do cômodo-sacristia; desaparecimento da torre sineira construída separada do corpo da capela, próxima da escada principal de acesso; diferentes tipos de pisos no seu interior; substituídas às colunas de ferro do copiar por colunas toscanas e alterações no altar, a colocação do retábulo em madeira.
Visando a compreensão da edificação enquanto um superartefato, a pesquisa arqueológica se fez necessária à complementação da pesquisa através de prospecções a nível vertical (paredes) e nível horizontal (solo). Estas prospecções tiveram como objetivo principal compreender as modificações ocorridas na edificação, as transformações em suas feições originais, alterações de níveis de pisos, técnicas e materiais construtivos empregados na sua construção e intervenções. (pesquisa e texto da arqueóloga Jackeline de Macedo)
Fonte: Governo do Estado.

Ações educativas: O workshop “Preparo de Argamassas Tradicionais”, o seminário “História e Restauração da Capela de N. S. da Cabeça” e o evento de inauguração, realizados na Capela de Nossa Senhora da Cabeça fizeram parte do conjunto de ações de educação patrimonial promovidas pela SEDREPAHC, atual SUBPC, em parceria com o IPHAN – 6ª SR.
O workshop objetivou disseminar a técnica de restauro com este tipo de argamassa, largamente utilizada na construção deste e de outros monumentos. O workshop foi ministrado pelo técnico do IPHAN – 6ªSR, Antônio Carlos Corrêa, com especialização em mestre artífice de pedreiro / restaurador, em curso promovido pelo Projeto Monumenta / BID, em Veneza, no Centro Europeu para os Ofícios da Restauração.
Fonte: Governo do Estado.

Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) – Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro (PMRJ)
Nome Atribuído: Capela de Nossa Senhora da Cabeça
Localização: R. Faro, n° 80 – Jardim Botânico – Rio de Janeiro-RJ
Resolução de Tombamento: Decreto n° 24.525 de 13/08/2004 – D.O. RIO de 16/08/2004
Tombamento: Provisório / Averbado: não

FOTOS:

MAIS INFORMAÇÕES:
Governo do Estado
Site da instituição
Patrimônio de Influência Portuguesa
Wikipedia


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