Sorocaba – Fábrica Santa Rosália


Imagem: Prefeitura Municipal

A Fábrica Santa Rosália foi construída em 1890, iniciando suas atividades só em 1895, sob o comando de Oetterer & Speers.

CMDP – Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico e Paisagístico de Sorocaba
Nome atribuído: Fábrica Santa Rosália
Localização: R. Maria Cinto de Biaggi, nº 164 – Sorocaba-SP
Processo de Tombamento: Processo nº 14.255/1997
Resolução de Tombamento: Decreto nº 21.698/2015
Descrição: A Fábrica Santa Rosália foi construída em 1890, iniciando suas atividades só em 1895, sob o comando de Oetterer & Speers. Como ela se localizava fora da área central, para atender aos operários, construíram a vila operária, a Praça Pio XII e uma igreja. Após um período, a fábrica passa para o comando da Companhia Nacional de Estamparia (CIANÊ), da família Kenworthy. Em 1940, a fábrica é vendida ao Sr. Severino Pereira da Silva, que implementa várias melhorias no bairro como rede de esgoto, creches, refeitórios, escolas, vários programas de assistência aos funcionários. Com o acúmulo de capital vindo da fábrica, na década de 50, lança um grande projeto imobiliário, que formaria o atual bairro Jardim Santa Rosália, a construção de um cine-teatro e a construção da atual igreja do bairro. Em 1964 começa a sentir dificuldades na área têxtil. Em 1994, a fábrica é desativada, muitos dos edifícios são abandonados e a maioria demolidos. Em 1999, a fábrica foi leiloada e comprada pelo Grupo Pão de Açúcar, que em 2000, inaugura o Hipermercado Extra.
Fonte: IAB – Núcleo Regional Sorocaba.

Descrição: A Fábrica de Tecidos Santa Rosália, que deu nome à igreja e ao bairro, foi fundada em 24 de outubro de 1890, construída com recursos financeiros emprestados pelo Senhor Francisco de Paula Mairinque. O nome da Fábrica foi escolhido como homenagem a Rosália Oetterer Speers filha e esposa dos principais acionistas e fundadores, George Oetterer e Frank Speers.
Assim fundam a Fábrica Santa Rosália, acompanhado de o Dr. Manoel Rodrigues Monteiro Azevedo, Cel. João Alfredo de Atayde, Dr. Antônio Ferreira Braga, Joaquim Catramby, José Ricardo Augusto Leal e José Duarte Rodrigues.
Segundo o Almanach de Sorocaba 1903, primeiro ano: “Fábrica de Fiação e Tecidos Santa Rosália – Este opulento e magestoso edificio, para cuja construcção foram observadas com rigor absoluto as regras da moderna engenharia, no que diz respeito a solidez, tamanho, distribuição de luz e ventilação, é de um architectura bellissima e offerece, pelos artisticos ornatos que o revestem, a mais agradavel impressão ao visitante. A área ocupada é de 16.000 metros quadrados, tendo o edificio 291 metros de frente e 150 de fundo. São seus actuaes proprietarios os srs. Commendador George Oetterer e Francisco José Speers. E gerente technico o sr. Joseph Kirk.
Machinismos da fiação: 1 motor com força de 650 cavallos, provavelmente o maior deste estado; 2 caldeiras com pressão de 650 cavallos, 6 descascadores, 6 picadores, 20 cardas, 9 puchados, 7 grossas Franes, 11 guias Franes, 27 rings-Franes, 2 engommadeiras, 7 urdideiras, 2 canelleiras.
Machinismos da tecelagem: 300 teares, 1 calandra, 1 máquina para alargar, 1 dita para dobrar e metrar, 2 prensas e 1 machina para marcar.
Possui ainda tinturaria, officina mechanica completa, e dispondo de pessoal habilitadissimo, depositos, iluminação electrica, cujo dynamo fornece 850 lampadas de 16 velas cada uma, uma bomba centrifuga que fornece 9 milhões de litros de água diariamente.
A fábrica está situada no barro de Santa Rosália ao lado esquerdo do rio Sorocaba; além das casas de commercio e do pessoal superior, se acha a villa operaria com cerca de 80 casas para residencia dos operarios. O estabelecimento está ligado com a E. F. Sorocabana por uma chave especial e occupa 400 pessoas de ambos os sexos. Produz algodões brancos, riscados, morins, que exporta para todos os estados do Brazil.”
A energia da Fábrica era gerada através de uma grande caldeira, construída com partes de locomotivas, e era chamada de “locomóvel”, um pistão e uma grande roda, que girava as polias e, através do vapor, gerava energia. As seções eram movidas através do vapor de duas máquinas, uma direcionava sua energia às seções de preparação, engomagem e fiação, e a outra à tecelagem. Ficavam localizadas na parte mais alta do prédio, quase ao lado da chaminé.
A administração da fábrica, que até o momento estava sendo bem gerenciada, começa a passar por momentos de dificuldades quando o único filho homem de George Oetterer – Carlos Malheiro Oetterer – falece, e que seria diretor da empresa. Oetterer e Speers passa então, a administração para o sobrinho de Oetterer, que não se mostrou suficientemente capaz para gerir a fábrica, perdendo então seu controle para a Companhia Nacional de Estamparia.
Em 1914 a empresa contava com 625 teares e 60 cardas, 840 operários de ambos os sexos e uma produção mensal de 100.000 metros de algodãozinho, o que consumia 80.000 kg de algodão. Sua vila possuía 250 casas, distribuídas em três ruas.
A Fábrica Santa Rosália se torna uma empresa de capital aberto e a Companhia Nacional de Estamparia começa a investir ações na indústria. Assim que a Companhia assume a maior parte das ações da empresa, os gerentes são trocados, assumindo, Bráulio Guedes e Hélio Monzoni.
Com novos investimentos, a fábrica se expande com a chegada de equipamentos novos e a melhoria dos antigos equipamentos existentes na vila. Visando a qualidade de vida de seus trabalhadores, é instalado no local um grupo escolar, creche próxima à fábrica, um grupo musical, refeitório, consultório médico, armazém (açougue e armarinho) e sistema de energia elétrica.
A empresa começa a passar por dificuldades quando os quatro filhos homens de Kenworthy, e que o substituíam, morrem antes de chegar ao 40 anos. Sem substitutos e já com uma idade avançada, ele assume novamente a empresa, porém sem a concessão de créditos bancários, devido ao início da Segunda Guerra. Em decorrência disso, a alternativa adotada pelo mesmo foi fazer empréstimo com altos juros de bancos nacionais. Sua única saída, foi vender a Companhia Nacional de Estamparia para Severino Pereira da Silva, que a partir de 11 de dezembro de 1940, se torna proprietário de todo o patrimônio da empresa.
Com a nova gestão, a fábrica passa por novas ampliações, reformas em seu interior e instalação de novo mecanismo, modernizando-a. A vila operária também se beneficia com a instalação de 400 novas casas , escola maternal, ginásio, Fortaleza Clube e estádio, Hospital São Severino (atual Policlínica), e a remodelação da praça Pio XII. Durante a gestão de Severino, ele garantiu saneamento, que teve início com a limpeza da margem do rio Sorocaba; dando padrões de higiene aos funcionários, e transporte de lixo.
A empresa chegou a ter oito mil funcionários, passando a exportar para a Índia, Indonésia, e África do Sul, e assim, conseguindo lucro suficiente para a modernização da Fábrica. Depois de anos de crescimento, o grupo decide investir em Fábricas têxteis em todo o estado, com o objetivo de se tornar o maior grupo têxtil do Brasil. A intenção era comprar indústrias falidas e modernizá-las.
Aos 92 anos de idade, morre Severino Pereira da Silva e com a abertura comercial do governo Collor, as fábricas do grupo são fechadas, inclusive a Fábrica Santa Rosália que deixou de funcionar em 1994. Em 1997 inicia-se o estudo de tombamento do prédio, que se inicia em 1999, recebendo a Resolução nº 79 do CMDP, recebendo grau de preservação 2, no mesmo ano o prédio é leiloado e comprado pela Companhia Brasileira de Distribuição para a implantação de um Hipermercado.
Seu decreto de tombamento definitivo é assinado e publicado apenas em 2015.
Fonte: Prefeitura Municipal.

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Prefeitura Municipal


4 comments

  1. Há um século, a maioria de meus parentes de Sorocaba trabalhava na Fabrica. Moravam nas casas da Rua Sao Francisco e rua do Zico. Familia de doceiros e quituteiros que faziam doces em casa e vendiam no Largo St Rosalia. Meu tio Plinio jogava futebol no time do Fortaleza. Meu avo Egydio músico tocava trombone de vara na banda. PERGUNTO. Onde eu poderia consultar as folhas corridas e registros dos antigos funcionários da Fabrica St Rosalia. E eventualmente registros e fotos das atividades recreativas do bairro, da igreja e do jardim ???

  2. Há um século, a maioria de meus parentes de Sorocaba trabalhava na Fabrica. Moravam nas casas da Rua Sao Francisco e rua do Zico. Familia de doceiros e quituteiros que faziam doces em casa e vendiam no Largo St Rosalia. Meu tio Plinio jogava futebol no time do Fortaleza. Meu avo Egydio músico tocava trombone de vara na banda. PERGUNTO. Onde eu poderia consultar as folhas corridas e registros dos antigos funcionários da Fabrica St Rosalia. E eventualmente registros e fotos das atividades recreativas do bairro, da igreja e do jardim ???

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