Araxá – Praça Governador Valadares


Imagem: Fundação Cultural Calmon Barreto

A Praça Governador Valadares foi tombada pela Prefeitura Municipal de Araxá-MG por sua importância cultural para a cidade.

Prefeitura Municipal de Araxá-MG
Nome atribuído: Praça Governador Valadares (6.854,77 m²)
Localização: Lote 329 – Quadra 54 – R. Olegário Maciel e R. Calimério Guimarãe – Araxá-MG

Descrição: Datam da década de 1870 os registros mais antigos do “Largo da Conceição” ou “Largo do Carmo”, como era indistintamente chamada a atual Praça Governador Valadares.
O primeiro nome devia-se à vizinhança com a Igreja de Nossa Senhora da Conceição que foi construída dentro das três primeiras décadas do século XIX, como pode ser verificado em um testamento de 1838 onde aparece como uma das beneficiárias. A Rua do Carmo (hoje nossa Senhora da Conceição) era uma das vias que delimitavam o Largo.
Estes “largos” eram em princípio espaços amplos e abertos ou alargamento das ruas vizinhas às Igrejas que com o tempo se converteriam em praças ao receber o tratamento adequado para este fim.
Em Araxá temos, além do Largo da Conceição, exemplos como o do Largo do Rosário, hoje Praça Hely França, o Largo da Matriz, hoje Praça Coronel Adolpho e o Largo de Santa Rita, hoje Praça 31 de Março.
Uma exceção foi o Largo de São Sebastião que teve a maior parte de seu espaço utilizado para a construção do primeiro conjunto residencial financiado pela Caixa Econômica Federal em Araxá, em 1949.
Bem de acordo com a modernização proposta e a valorização dos espaços públicos como os locais de diversão das cidades naquele período, em 1918 a imprensa noticiava que os jardins de Araxá, assiduamente freqüentados, causavam admiração pela beleza do gramado e das flores dos canteiros. No entanto, registrava alguns atos de depredação para os quais a polícia prometia punição como único meio de por fim a estes inconvenientes. Neste mesmo ano noticiava-se a intenção do Prefeito Bernardo Aroeira de realizar melhoramentos no “Jardim da Conceição”, conforme relatório enviado a Câmara Municipal. Em 1919 o Jornal de Araxá assim descrevia os projetos em andamento:
“O Prefeito Dr. Bernardo Aroeira determinou o ajardinamento do Largo da Conceição achando-se bem começados os respectivos serviços. O jardim, segundo o delineamento do Dr. Bernardo Aroeira, vae ser magnifico ponto de diversões em Araxá, pois ali se estão preparando campo para o jogo de tennys e rink para patinação. Será também construído um pavilhão destinado a coreto e um bar. A fim de impedir que por ali passem cavalleiros e até boiadas, que perturbam os serviços e tem mesmo estragado canteiros já feitos, aquelle Prefeito mandou cercar, provisoriamente, a area do jardim com arame farpado e moirões toscos, que serão substituídos por outros definitivos e decentes, logo que esteja quasi prompto o logradouro público, que vai (…..) as delicias das senhoritas e dos rapazes araxaenses, de bom gosto.
A nota, porém, mais interessante do jardim projectado pelo Dr. Prefeito, vae ser a gruta de Lourdes, muito condicente com o espírito religioso do nosso povo.”

Analisando as fotografias antigas da praça, a arquiteta Laura Mourão observou características que conduzem a Reinaldo Dierberger como possível autor daquele primeiro projeto. Reforçando esta teoria, está o fato do autor ter estado em Araxá na década de 1920, projetando os jardins do Barreiro.
São também de autoria deste renomado paisagista paulista os projetos dos jardins do Parque de Cambuquira, do Novo Hotel e Termas, da Fonte dos Amores e do Parque dos Macacos, em Poços de Caldas.
Em Belo Horizonte projetou os jardins da Igreja de São José, da Secretaria de Agricultura e reformulou a Praça da Liberdade.
Ainda de acordo com Laura Mourão, os jardins e praças de Dierberger eram formais, projetando um rigor simétrico de concepções neoclássicas entre os elementos por ele utilizados está a topiaria, balaustres grutas e caminhos simétricos.
Na década de 1930-1940, durante o governo de Fausto Alvim, foi realizada pelos engenheiros Carvalho Lopes e Honório de Paiva Abreu, uma planta do centro da cidade onde a Praça foi nitidamente desenhada, provavelmente segundo o traçado que devia exibir na época.
Em 1942, simultaneamente à implantação do inovador projeto paisagístico de Burle Marx, no parque do Complexo Hidrotermal do Barreiro, a Praça da Conceição foi totalmente remodelada, segundo um projeto do engenheiro Agostinho Carlos Cattela, que fazia parte da comissão de construção deste Complexo junto com Luiz Signorelli, Roberto Pena, Kurt Urban, Willy Guilherme Gerber e o engenheiro José Ferreira de Andrade Júnior, superintendente desta comissão.
De acordo com um esboço do projeto que se encontra em arquivos da Fundação Cultural Calmon Barreto, o mesmo previa canteiros de rosas, dálias, lírios, gardênias e gladíolos perolados em volta do centro da praça e passarelas simétricas com bancos.
Este projeto não foi executado na íntegra. A versão final da praça, após sua execução, apresentava somente os dois pergolados que ainda hoje se encontram ladeando a entrada pela Rua Presidente Olegário Maciel. Os canteiros circulares internos foram substituídos por outros em forma de estrela, como podemos observar em fotografias da época.
No novo projeto não havia espaço para o rinque, a ponte e a gruta que foi retirada e reconstituída em uma das entradas da Santa Casa, onde até hoje se encontra. A nova praça foi batizada com o nome de Benedito Valadares, então Governador do Estado, e ao centro foi instalado um obelisco com seu busto, assinado por J. Bahia. Entretanto, os araxaenses insistem em chamá-la, até hoje, de “Jardim Novo”.
Considerando-se a simultaneidade dos dois projetos e guardadas as devidas proporções, o modelo acadêmico e tradicional adotado para a principal praça da cidade contrastava definitivamente com a proposta inovadora de Burle Marx para o parque e jardins do Barreiro, que infelizmente não chegou a ser implantado integralmente.
Eram duas visões opostas a menos de cinco quilômetros uma da outra, porém, separadas por séculos de tradição.
Não temos notícias de que se tenha realizado modificação alguma no traçado da Praça nos 50 anos após sua reformulação. Aparentemente, as alterações ocorreram apenas no seu inventário botânico, que com o passar dos anos foi sendo alterado com espécimes diferentes às originais e mais de acordo com os gostos e a moda que passaram a vigorar posteriormente.
Fonte: Fundação Cultural Calmon Barreto

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Fundação Cultural Calmon Barreto


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