Fortaleza – Restaurante Estoril


Imagem: Google Street View

O Restaurante Estoril foi tombado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza-CE por sua importância cultural para a cidade.

COMPHIC – Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico-Cultural
Nome Atribuído: Restaurante Estoril
Localização: Fortaleza-CE
Resolução de Tombamento: Lei n° 6.119/1986

Descrição: Vindo de Pernambuco em 1915, José Magalhães Porto, descendente de portugueses, constrói, em meados da década de 1920, um palacete de taipa, mas ricamente ornamentado com peças vindas de diferentes países da Europa (França, Inglaterra, Alemanha), que ganharia o nome de Vila Morena, em homenagem à sua esposa, Dona Francisca Frota Porto, apelidada de Morena; estava construída uma das primeiras residências de destaque na beira da Praia do Peixe ou, como ficou conhecida posteriormente, Praia de Iracema.

Servindo de residência para a família Porto até 1942, a Vila Morena é cedida para os soldados norte-americanos, em função da Segunda Guerra Mundial, quando os Estados Unidos da América estabelecem uma base no nordeste do Brasil, e passa a ser a sede da United States Office.A presença dos norte-americanos em Fortaleza transformou alguns hábitos locais. Francisco Benedito de Sousa em seu livro Caminhando por Fortaleza nos conta que a Vila Morena passaria a “servir de cassino onde [os americanos] se divertiam com shows, bebidas e acompanhados das moças da sociedade local, denominadas Coca-Colas – homem não entrava”.

Com o fim da Guerra os soldados norte-americanos vão embora de Fortaleza e a Vila Morena é alugada a Antônio Português e João Freire de Almeida, dois portugueses que transformam o local num restaurante, sempre regado de muita diversão. É no final da década de 1940 que a Vila Morena passa a se chamar Estoril, nome de uma cidade em Portugal. Na década de 1950 o Estoril passa a ser ponto de encontro de intelectuais, artistas e boêmios que ali se reuniam para discutir temas diversos, e sempre acompanhados de muita música e bebida. Em 1952, José Alves Arruda, o Zé pequeno, assume a direção do local, que permaneceria em suas mãos por muitas décadas como um local de encontro da boemia cearense.

Para preservar este importante patrimônio histórico, cultural e arquitetônico de Fortaleza, que já vinha sendo deteriorado ao longo dos anos devido a negligência dos donos e das autoridades legais, a associação dos moradores do bairro e a Câmara Municipal dão início a uma série de medidas, principalmente o tombamento do Estoril através do Projeto de Lei de 1986, de autoria do vereador Samuel Braga, que instituiu normas legais de proteção, preservação e conservação ao bem. O imóvel é desapropriado no começo dos anos 1990 quando é reconstruído em concreto armado e alvenaria.

Ao longo das duas últimas décadas a antiga Vila Morena passou por diversas intervenções estruturais e ganhou diferentes usos; em 1995, por exemplo, o Estoril era reinaugurado como um Centro Cultural, recebendo diversas atividades ligadas à cultura e à arte. Em 2008, devido ao projeto da Prefeitura Municipal de Fortaleza de requalificação da Praia de Iracema, o Estoril recebeu ordem de serviço para reforma e restauração , sendo esta concluída em 2010. Atualmente, o Estoril está completamente restaurado e pronto para receber novas atividades.
Fonte: SeCult.

Histórico do município: Capitania dependente, o Ceará teve a sua formação econômica iniciada no século XVII com a pecuária, para fornecer carne e tração à economia açucareira estabelecida na Zona da Mata. E Fortaleza, fundada em 13 de abril de 1726, ficou à margem.

Nessa fase, a cidade primaz era Aracati. Icó, Sobral e Crato também ocupavam o primeiro nível na hierarquia urbana no final do século XVIII. Ao contrário de Aracati, de Icó e de outras vilas setecentistas fundadas nas picadas das boiadas, Fortaleza achava-se longe dos principais sistemas hidrográficos cearenses – as bacias dos rios Jaguaribe e Acaraú – e, portanto, à margem da atividade criatória, ausente dos caminhos por onde a economia fluía no território.

Por todos os setecentos, a vila não despertou grandes interesses do Reino, não tendo desenvolvido qualquer atividade terciária. Mas, em 1799, coincidindo com o declínio da pecuária (a Seca Grande de 1790-1793 liquidou com a atividade), a Capitania tornou-se autônoma, passando a fazer comércio direto com Lisboa, através, preferencialmente, de Fortaleza, que se torna a capital.

De 1808 em diante, com a abertura dos portos, o intercâmbio estendeu-se às nações amigas e, em especial, à Inglaterra, para onde o Ceará fez, em 1809, a primeira exportação direta de algodão.

Como capitania autônoma, o Ceará ingressava então na economia agroexportadora. O viajante inglês Henry Koster, que, exatamente nessa época (1810), visitou Fortaleza, não a enxergava com otimismo: “Não obstante a má impressão geral, pela pobreza do solo em que esta Vila está situada, confesso ter ela boa aparência, embora escassamente possa este ser o estado real dessa terra. A dificuldade de transportes (…), e falta de um porto, as terríveis secas, [todos esses fatores] afastam algumas ousadas esperanças no desenvolvimento da sua prosperidade”.

Em 1822, com o Brasil independente, o Ceará passou a província; no ano seguinte, a vila de Fortaleza foi elevada a cidade, o que robusteceu o seu papel primaz, dentro já da política de centralização do Império. As propriedades agropecuárias da província, a principal riqueza de então, pertenciam a pouco mais de 1% da população livre. Dado que a Lei de Terras, de 1850, só fez contribuir para a concentração fundiária, estavam fincadas então as bases das desigualdades de renda e riqueza que, embora em menor proporção, observam-se até os dias atuais no Ceará e em Fortaleza.
Fonte: Prefeitura Municipal.

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