A Estação Veracruz faz parte da Costa do Descobrimento, que se estende pelos estados da Bahia e do Espírito Santo e soma 112 mil hectares de Mata Atlântica e restingas.
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
Nome atribuído: Costa do Descobrimento: Reservas de Mata Atlântica
Outros Nomes: RPPN Estação Veracel, Estação Veracel
Localização: Rod. BR-367, KM 37 – Estrada Velha de Cabrália, Porto Seguro-BA
Número de inscrição: 892
Data de inscrição: 1999
Gestão: Veracel Celulose
Descrição do conjunto: A Costa do Descobrimento: Reservas de Mata Atlântica, nos estados da Bahia e do Espírito Santo, consiste em oito áreas individuais protegidas, que somam 112 mil hectares de Mata Atlântica e restingas. As florestas tropicais da costa atlântica do Brasil são as mais ricas do mundo em termos de biodiversidade. Esses sítios contêm uma grande variedade de espécies endêmicas e revela um padrão de evolução não apenas de grande interesse científico, mas também de grande importância para a conservação.
Fonte: UNESCO.
Descrição: A área da RPPN Estação Veracel pertenceu a uma antiga propriedade que em 1961 atingia 12.000 hectares, estendendo-se do rio Buranhém (Porto Seguro) ao rio João de Tiba (Santa Cruz Cabrália). A área, totalmente coberta de matas, era praticamente inexplorada e compreendia três áreas contíguas: Tucundupi, São Miguel e Imbirussu de Dentro. Naquele ano foi vendida a um grupo de condôminos norte-americanos, dos quais dois eram majoritários: Iva Lee Hartman e Louis Woodson Hartman. Daí surge a denominação Fazenda Americana ou Fazenda da Gringa.
Em 1976, parte da Fazenda foi vendida para a Empreendimentos Florestais Flonibra, cuja porção central corresponde a atual RPPN Estação Veracel. Segundo informações de um ex-funcionário da Flonibra, a empresa extraiu madeira em pequena quantidade, cerca de 500 hectares da área total. O corte de madeira, que foi efetuado nos trechos próximos à estrada, prosseguiu até o final dos anos 1970, quando mudanças nos planos originais da empresa deslocaram seu foco para as atividades de pecuária. A madeira extraída era utilizada na construção de currais, casas para vigilantes, estacas e mourões. Entretanto, existem indícios de exploração madeireira anterior a este período, quando as toras eram retiradas com a ajuda de junta de bois, que as transportavam até a beira dos rios. Há relatos sobre juntas de até 24 bois que arrancavam as árvores do chão puxando-as através dos arrastões, estradas internas abertas para o arrastamento da madeira, e saíam em diferentes pontos, um deles o rio dos Mangues, próximo ao atual complexo turístico Barramares.
Com a inauguração da Rodovia BR-367, em 1973, deu-se início ao grande desflorestamento na região e a partir de 1976-1977 a atenção dos madeireiros volta-se para a Fazenda Americana, pois a madeira de outras áreas começa a escassear. Na época, existiam mais de 70 serrarias que atuavam em grande escala. Com a redução das áreas, as serrarias tentaram convencer a Flonibra a vender as terras.
Em 1984 houve invasões nas áreas pertencentes à Iva Hartman, exatamente nas localidades que correspondem hoje aos povoados de Imbirussu de Dentro e São Miguel, quando uma grande quantidade de jacarandá foi retirada, além de outras madeiras nobres, como paraju, juerana, pequi (amarelo e preto), massaranduba e louro.
Em poucos anos a floresta da região foi reduzida drasticamente. As serrarias atuaram até cerca de 1993-1994. Com a escassez da floresta, as poucas que restaram serravam madeira de pequenos proprietários e de alguns projetos que possuíam aprovação do Ibama. A área da atual RPPN Estação Veracel não foi totalmente atingida por esse fenômeno porque houve a transmissão da posse para uma empresa que teve condições de protegê-la. Como havia muitos problemas com caçadores, posseiros e pessoas que entravam para retirar piaçava e roubar madeira, um grupo de 130 vigilantes atuava na área.
A Veracruz Florestal Ltda, hoje Veracel Celulose, iniciou suas atividades na região sul da Bahia em 1991, a partir da aquisição das primeiras terras, com o propósito de formar uma base florestal para implantar uma unidade industrial para fabricação de celulose branqueada de eucalipto. Em 1992 foi adquirida a área denominada Fazenda São Miguel, com 6.069 hectares.
Entre 1994 e 1996 é criada a Estação Veracruz e inicia-se a implantação de infraestrutura para recebimento de visitantes. Em 1998 a Estação Veracruz foi reconhecida oficialmente pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) como Reserva Particular do Patrimônio Natural, com a publicação da Portaria nº 149/98-N, de 5 de novembro. A Portaria nº 38, de 5 de maio de 2009, publicada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) aprovou o plano de manejo da RPPN e alterou seu nome para Estação Veracel. Nesse mesmo ano, a Veracel Celulose iniciou o diagnóstico para identificação e delimitação de suas áreas de alto valor para conservação (AAVC), definidas como locais com características ambientais e/ou sociais relevantes ou de importância crítica. Foram identificadas oito AAVC, sendo seis devido a seus atributos naturais e duas por seus atributos socioculturais. A RPPN Estação Veracel é a maior delas.
A partir de 2010, a RPPN Estação Veracel passou a compor, juntamente com outras 11 unidades de conservação, o Mosaico de Áreas Protegidas do Extremo Sul da Bahia (Mapes), reconhecido pela Portaria MMA Nº 492, de 17 de dezembro. O Mosaico foi criado com o objetivo de fortalecer a integração entre as unidades de conservação e entre elas com os diversos atores locais, potencializando os recursos e otimizando esforços de gestão das UCs para ampliar os objetivos de conservação para o território.
Fonte: ICMBio.
CONJUNTO:
Bahia e Espírito Santo – Costa do Descobrimento
MAIS INFORMAÇÕES:
ICMBio
Unesco (em inglês)
Iphan