Porto Velho – Sítio Histórico de Santo Antônio do Alto Madeira


Coleção Dana Merrill / Tratamento dos negativos e diapositivos do Servico de Documentacao Textual e Iconografia – L3 Conservação de Acervos S/S Ltda / Reproducao digital – Um Certo Olhar Imagens e Editora Ltda. / 2011

O Sítio Histórico da Cidade de Santo Antônio do Alto Madeira, em Porto Velho-RO, foi tombado por sua importância histórico cultural.

Governo do Estado de Rondônia
Nome Atribuído: Sítio Histórico da Cidade de Santo Antônio do Alto Madeira
Localização: Porto Velho-RO
Decreto de Registro: Artigo n° 264 da Constituição Estadual de 1989

Descrição: O povoado de Santo Antonio se desenvolveu ali nessa última década do século XIX, início do século XX, tendo sido escolhido a princípio como ponto inicial da ferrovia. Em 1908 foi elevado à categoria de Município de Mato Grosso pela Lei nº 494, tendo ocorrido sua instalação em dois de julho de 1912, com o nome de Santo Antônio do Alto Madeira. De acordo com Matias (2010), a despeito de todo esse envolvimento com o Ciclo da Borracha, o povoado não possuía infraestrutura adequada e não contava com o apoio do governo do Mato Grosso, o que favorecia a predominância de moradores bolivianos sobre a população nacional. Além disso, como afirma o historiador Vitor Hugo, em sua obra, Desbravadores, Santo Antonio era uma localidade insalubre com altos índices de mortandade pelas doenças tropicais que ali proliferavam.

“… em 7 de julho de 1891 fora estabelecida a coletoria, seguindo-se a criação e instalação da comarca…rasgaram-se as ruas, praças e avenidas em plena floresta. Não havia esgoto, nem água canalizada, nem iluminação de qualquer natureza, onde o gado era abatido em plena rua à carabina e as porções não aproveitadas, abandonadas no próprio local, onde monte de lixo e todos os produtos da vida
vegetativa eram atirados às vielas esburacadas, onde pântanos perigosos proporcionavam aluviões de anofelinos a espalhar a morte por todo o povoado. A região era ocupada por uma população ondulante, instável, de aventureiros aliciados para um trabalho que oferecia todas as probabilidades da desventura. Fracassados na vida audaciosos e viciados, aumentavam ao sabor das condições econômicas. O dia escoava-se ao ritmo do trabalho; a noite ao ritmo da algazarra, da música, dos gritos e discussões em uma dúzia de línguas, nos botequins, casas de jogos e de tolerância. Estas eram numerosas: as francesas chegadas de Paris alinhavam-se com as brasileiras, as espanholas e bolivianas…Bebia-se champanhe, cerveja e aguardente. Comia-se peixes do Rio Madeira e as mais finas conservas nacionais e estrangeiras. As brigas eram frequentes, os crimes comuns… uma verdadeira currutela.”( HUGO, 1991).

Os primeiros desembarques de pessoal da empreiteira May Jekyll and Randolph, ocorreram na Vila de Santo Antônio do Rio Madeira, local logo em seguida verificado inadequado para o desembarque e armazenamento do material pesado para a construção da Madeira Mamoré. As dificuldades de construção e operação de um porto fluvial, em frente aos rochedos da cachoeira de Santo Antônio, fizeram com que construtores e armadores utilizassem o pequeno porto amazônico localizado 7 km abaixo, em local muito mais favorável. Matias (op. cit.) relata que:
“Em 19 de abril de 1907, o grupo de empreiteiras May,Jeckyll & Randolph inicia a transferência do canteiro de obras da ferrovia Madeira Mamoré, do povoado de Santo Antônio, para o local conhecido como Porto Velho dos Militares…Essa transferência não teria sido possível, do ponto de vista político, não fosse pela
intervenção do engenheiro Joaquim Catramby, cuja influência no governo do Amazonas, permitiu a Percival Farquhar, dentre outras coisas, obter o espaço que precisava para implantar o marco zero da ferrovia…Assim sendo , no dia 20 de maio de 1907,toda estrutura do grupo havia sido transferida para o antigo porto amazônico, onde não existia nenhuma edificação, cabendo a este grupo de empreiteiras dos EUA construir os primeiros prédios destinados a estrutura da empresa, incluindo alojamentos para técnicos e operários.(MATIAS,2010 pg.83).

Em 1908 o povoado foi elevado à categoria de Município de Mato Grosso pela Lei nº 494, tendo ocorrido sua instalação em dois de julho de 1912, com o nome de Santo Antônio do Alto Madeira. Mas já estava em declínio desde o início da construção da ferrovia em razão de Porto Velho ter sido escolhida como ponto inicial da via férrea, tendo surgido então aí um vilarejo que se desenvolveu rapidamente, atraindo os moradores de Santo Antônio. A Amazon Steam Navigation Co. que mantinha linha regular de navios suspendeu suas atividades àquela cidade, em decorrência do movimento portuário ter sido transferido para Porto Velho, que se tornava próspera e moderna, enquanto Santo Antônio do Rio Madeira, regredia. (BORZACOV, op. cit.).
Fonte: Ana Cristina Lima Barreiros da Silva.

Descrição: Ficam tombados os sítios arqueológicos, a Estrada de Ferro Madeira Mamoré com todo o seu acervo, o Real Forte do Príncipe da Beira, os postos telegráficos e demais acervos da Comissão Rondon, o local da antiga cidade de Santo Antonio do Alto Madeira, o Cemitério da Candelária, o Cemitério dos Inocentes, o Prédio da Cooperativa dos Seringalistas, o Marco das Coordenadas Geográficas da Cidade de Porto Velho e outros que venham a ser definidos em lei.
Parágrafo único – As terras pertencentes à antiga Estrada de Ferro Madeira Mamoré e outras consideradas de importância histórica, revertidas ao patrimônio do Estado, não serão discriminadas, sendo nulos de pleno direito os atos de qualquer natureza que tenham por objeto o seu domínio, uma vez praticados pelo Governo do Estado, sendo seu uso disciplinado em lei.
Fonte: Artigo n° 264 da Constituição Estadual de 1989.

Histórico do município: Porto Velho foi criada por desbravadores por volta de 1907, durante a construção da E.F. Madeira- Mamoré. Fica nas barrancas da margem direita do rio Madeira, o maior afluente da margem direita do rio Amazonas.
Desde meados do sec. XIX, nos primeiros movimentos para construir uma ferrovia que possibilitasse superar o trecho encachoeirado do rio Madeira (cerca de 380km) e dar vazão à borracha produzida na Bolívia e na região de Guajará Mirim, a localidade escolhida para construção do porto onde o caucho seria transbordado para os navios seguindo então para a Europa e os EUA, foi Santo Antônio do Madeira, província de Mato Grosso.

As dificuldades de construção e operação de um porto fluvial, em frente aos rochedos da cachoeira de Santo Antônio, fizeram com que construtores e armadores utilizassem o pequeno porto amazônico localizado 7km abaixo, em local muito mais favorável.
Em 15/01/1873, o Imperador Pedro II assinou o Decreto-lei n.º 5.024, autorizando navios mercantes de todas as nações subirem o Rio Madeira. Em decorrência, foram construídas modernas facilidades de atracação em Santo Antônio, que passou a ser denominado Porto Novo.

O porto velho dos militares continuou a ser usado por sua maior segurança, apesar das dificuldades operacionais e da distância até S. Antônio, ponto inicial da EFMM.
Percival Farquar, proprietário da empresa que afinal conseguiu concluir a ferrovia em 1912, desde 1907 usava o velho porto para descarregar materiais para a obra e, quando decidiu que o ponto inicial da ferrovia seria aquele (já na província do Amazonas), tornou-se o verdadeiro fundador da cidade que, quando foi afinal oficializada pela Assembléia do Amazonas, recebeu o nome Porto Velho.

Após a conclusão da obra da EFMM em 1912 e a retirada dos operários, a população local era de cerca de 1.000 almas. Então, o maior de todos os bairros era onde moravam os barbadianos – Barbadoes Town – construído em área de concessão da ferrovia. As moradias abrigavam principalmente trabalhadores negros oriundos das Ilhas Britânicas do Caribe, genericamente denominados barbadianos. Ali residiam pois vieram com suas famílias, e nas residências construídas pela ferrovia para os trabalhadores só podiam morar solteiros.

Era privilégio dos dirigentes morar com as famílias. Com o tempo passou a abrigar moradores das mais de duas dezenas de nacionalidades de trabalhadores que para cá acorreram. Essas frágeis e quase insalubres aglomerações, associadas às construções da Madeira-Mamoré foram a origem da cidade de Porto Velho, criada em 02 de outubro de 1914.
Muitos operários, migrantes e imigrantes moravam em bairros de casas de madeira e palha, construídas fora da área de concessão da ferrovia.

Assim, Porto Velho nasceu das instalações portuárias, ferroviárias e residenciais da Madeira-Mamoré Railway. A área não industrial das obras tinha uma concepção urbana bem estruturada, onde moravam os funcionários mais qualificados da empresa, onde estavam os armazéns de produtos diversos, etc. De modo que, nos primórdios haviam como duas cidades: a área de concessão da ferrovia e a área pública. Duas pequenas povoações, com aspectos muito distintos. Eram separadas por uma linha fronteiriça denominada Avenida Divisória, a atual Avenida Presidente Dutra. Na área da railway predominavam os idiomas inglês e espanhol, usados inclusive nas ordens de serviço, avisos e correspondência da Companhia.

Apenas nos atos oficiais, e pelos brasileiros era usada a lingua portuguesa. Cada uma dessas povoações tinham comércio, segurança e, quase, leis próprias. Com vantagens para os ferroviários, face a realidade econômica das duas comunidades. Até mesmo uma espécie de força de segurança operava na área de concessão da empresa, independente da força policial do estado do Amazonas.
Fonte: IBGE.

MAIS INFORMAÇÕES:
Ana Cristina Lima Barreiros da Silva


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