São José dos Campos – Banda de Santana
A Banda de Santana foi registrada pela Prefeitura Municipal de São José dos Campos-SP por sua importância cultural para a cidade.
COMPHAC – Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural da cidade de São José dos Campos-SP
Nome Atribuído: Banda de Santana
Localização: Bairro de Santana – São José dos Campos-SP
Resolução de Tombamento: Lei Municipal n° 9117/14
Descrição: -A Banda de Santana foi criada em 1949, pelo músico e funileiro João Pereira Leite, conhecido popularmente por João Pistão. Segundo SANTOS (2015), a criação da banda, na modalidade fanfarra, se deu a pedido de última hora do monsenhor Luiz Gonçalves Alves Cavalheiro, padre da paróquia de Santana para acompanhar uma procissão.
João Pistão nasceu em São Luiz do Paraitinga/SP e fixou residência em São José dos Campos/SP. A habilidade com os instrumentos musicais lhe foi ensinada quando criança em sua cidade natal e o ajudou a compor a sua primeira banda, que foi constituída na cidade de Paraibuna, cidade vizinha de São José dos Campos. Alguns músicos decorrentes desta primeira formação em Paraibuna ajudaram a compor a Banda de Santana tempos depois. (Fonte: Jornal Vale Viver, 1987)
João Pistou, antes de residir em São José dos Campos, passou por Jacareí e Guararema e, a cada cidade que passava, formava uma nova banda. Na cidade de São José dos Campos não foi diferente, mal havia se instalado na cidade, começou a reunir músicos e instrumentos para compor uma banda, muitos deles cedidos pela banda da fábrica do Rodosa, mais tarde conhecida como Rhodia, onde trabalhou como funileiro no bairro de Santana. (Fonte: Jornal Vale Viver, 1987) Conheceu João Costa, mais conhecido como João Nazário, morador do bairro de Santana, zona norte de São José dos Campos, um dos primeiros componentes do grupo. (Fonte: Jornal Vale Viver, 1987)
A história da banda se confunde com a do seu fundador. É difícil encontrar algum morador antigo do bairro de Santana que não tenha ouvido falar do famoso maestro. Um dia antes de seu falecimento no ano de 1973, vítima de um ataque cardíaco, João Pistão havia tocado na festa de Santana. Mesmo com o ocorrido durante a festa tradicional, o evento continuou sem a presença do ilustre maestro, para a infelicidade e tristeza dos moradores do bairro e para os componentes da banda. (Fonte: Jornal Vale Viver, 1987)
Os primeiros ensaios da banda aconteciam na casa de João Pistão. Duas vezes por semana, dona Iria Davi Leite, viúva do maestro, via sua cozinha ser literalmente invadida por 25 músicos com seus instrumentos. Segundo relata a viúva de Pistão, “Esses ensaios davam trabalho. Quando eles acabavam, a cozinha estava revirada, havia pontas de cigarro por todos os lados e copos espalhados. Tinha que fazer café e, até os vizinhos os ouviam tocar” (LEITE apud. RODA, Regina).
A banda funcionava na base do improviso, assim como não havia um local definido para os ensaios. Se não havia dinheiro para comprar novos instrumentos, o jeito era a manutenção dos que já existiam. D. Iria testemunhou a luta do marido em manter os instrumentos: “O meu marido ia muito para São Paulo levar os instrumentos para serem reformados” (LEITE apud. RODA, 1987).
Ás vezes a banda se apresentava com menos de dez integrantes e o jeito era fazer um revezamento entre os músicos que sabiam tocar mais de um instrumento. Mas, apesar da improvisação, a banda nunca deixou de se apresentar, vestida sempre de um elegante e impecável uniforme.
A elegância e a pontualidade eram marcas registradas de João Pistão. O músico não tolerava atrasos e muito menos a falta de compromisso dos integrantes. (Fonte: Jornal Vale Viver, 1987) Para manter os músicos impecavelmente vestidos, a banda teve quatro uniformes oficiais. O primeiro era cinza, substituído por um uniforme todo azul marinho e o terceiro, considerado mais elegante de todos, tinha calças cumpridas cinza, paletó bordô e quepes. (Fonte: Jornal Vale Viver, 1987)
“Ninguém tocava sem gravata naquela época e quando a banda se apresentava em São Sebastião, os policiais batiam continência pra gente por causa dos nossos uniformes” relata com orgulho João Nazário. D. Iria, viúva do maestro fundador, relatou as modificações da tradição como algo não muito bem visto ao afirmar: “Outro dia, os músicos da banda estavam tocando de camisetas de mangas curtas e sem gravata. Se João tivesse visto isso teria o maior desgosto” (COSTA apud.
RODA, 1987). No início de 2015 a banda de Santana trocou de uniforme, sendo atualmente uma camisa pólo vinho, calça social e jaqueta preta.
Sem apoio para manter os uniformes e os instrumentos em ordem, João Pistão teve muitas vezes que tirar dinheiro do próprio bolso. A banda não cobrava nada para tocar e recebia pelas apresentações apenas o custo do transporte e às vezes do lanche. “A banda começou com o esforço de João Pistão. O apoio éramos nós mesmos que saíamos pelas ruas pedindo ajuda aos moradores”, conta João Nazário que fez parte da banda durante 18 anos e parou de tocar quando o amigo morreu.
“O João visitava vários políticos com o “livro de ouro”, um caderno onde as pessoas assinavam depois de fazerem doações, e quem colaborou muito foi o deputado Benedito Matarazzo” relata Iria (LEITE apud. RODA,1987). Os instrumentos eram comprados pelo fundador da banda ou pelos próprios músicos depois de juntarem suas economias com o dinheiro arrecadado entre os moradores, políticos e “gente importante”. “O Pistão; que tenho até hoje guardado aqui na minha casa, eu comprei naquela época por 70 mil réis. “Era muito dinheiro”, relembra João Nazário. (Fonte: Jornal Vale Viver, 1987)
Apesar de serem tempos difíceis principalmente sem qualquer tipo apoio, o esforço era recompensado: “A gente mantinha os instrumentos e tocava com dificuldade, mas era um sacrifício alegre” conclui o ex-dirigente.
Fonte: Candido et al.
Histórico do Município: As origens de São José dos Campos remontam ao final do século 16, quando se formou a Aldeia do Rio Comprido, uma fazenda jesuítica que usava a atividade pecuarista para evitar incursões de bandeirantes. Porém, em 10 de setembro de 1611, a lei que regulamentava os aldeamentos indígenas por parte dos religiosos fez com que os jesuítas fossem expulsos e os aldeãos espalhados.
Os jesuítas voltaram anos mais tarde, estabelecendo-se em uma planície a 15 quilômetros de distância, onde hoje está a Igreja Matriz de São José, no centro. Este núcleo, que deu origem à cidade, tinha clima agradável e ficavam numa posição estratégica em caso de invasões. Novamente a missão passava aos olhares externos como fazenda de gado. Nesse período, a aldeia apresentou sérias dificuldades econômicas por causa do grande fluxo de mão de obra para o trabalho nas minas.
Em 1759, os jesuítas foram expulsos do Brasil, e todas as posses da ordem confiscadas por Portugal. Na mesma época, Luis Antonio de Souza Botelho Mourão, conhecido como Morgado de Mateus, assumiu o governo de São Paulo, com a incumbência de reerguer a capitania, mera coadjuvante num cenário em que Minas Gerais se destacava pela atividade mineradora. Uma das primeiras providências foi elevar à categoria de vila diversas aldeias, entre elas São José, com o objetivo de aumentar a arrecadação provincial.
Mesmo antes de se tornar freguesia, a aldeia foi transformada em vila em 27 de julho de 1767 com o nome de São José do Paraíba. Foram erguidos o pelourinho e a Câmara Municipal, símbolos que caracterizavam a nova condição. Entretanto, a emancipação política não trouxe grandes benefícios até meados do século 19, quando o município passou a exibir sinais de crescimento econômico, graças à expressiva produção de algodão, exportado para a indústria têxtil inglesa.
Depois de ocupar posição periférica no período áureo do café no Vale do Paraíba, São José dos Campos ganhou destaque nacional na chamada fase sanatorial, quando inúmeros doentes procuravam o clima da cidade em busca de cura para a tuberculose. Gradativamente já estava sendo criada uma estrutura de atendimento, com pensões e repúblicas.
Em 1924 foi inaugurado o Sanatório Vicentina Aranha, o maior do país. Somente em 1935, com os investimentos do governo de Getúlio Vargas e a transformação do município em estância climatérica e hidromineral, o município pôde investir em infraestrutura, principalmente na área de saneamento básico, que no futuro viria a ser um trunfo a mais para a atração de investimentos destinados ao desenvolvimento industrial.
Entre 1935 a 1958, a cidade foi administrada por prefeitos sanitaristas, nomeados pelo governo estadual. A autonomia para eleger o prefeito foi perdida em 1967, durante o regime militar, e reconquistada em 1978.
O processo de industrialização da de São José dos Campos tomou impulso a partir da instalação, em 1950, do então Centro Técnico Aeroespacial (CTA) – hoje Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) – e inauguração da Via Dutra, em 1951. Nas décadas seguintes, com a consolidação da economia industrial, a cidade apresentou crescimento demográfico expressivo, que também acelerou o processo de urbanização.
Nos anos 90 e início do século 21, São José dos Campos passou por um importante incremento no setor terciário. A cidade é um centro regional de compras e serviços, com atendimento a aproximadamente 2 milhões de habitantes do Vale do Paraíba e sul de Minas Gerais.
Fonte: IBGE.
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Candido et al.